16ª Paragem 2016: Finalmente... Vitória!
Trail Noturno da Lagoa de Óbidos
Distância: 29.53kms
Tempo:02:22:43
Classificação Geral: 1º Classificado
Classificação Escalão: 1º Classificado SenM
Apesar de não fazer provas "a sério" à mais de dois anos, vou já na minha sexta participação no Trail Noturno da Lagos de Óbidos. Em 2011 participei na distância de 25 quilómetros tendo passado para a distância de 50 quilómetros no ano seguinte marcando presença até 2015 nessa distância. Este ano, com a inclusão da prova de 30 quilómetros no Circuito Nacional de Trail Running voltei a marcar presença nesta distância. As minha memórias em relação à prova grande estão bastante presentes, lembro-me dos traços gerais da prova, mas da prova pequena não tenho praticamente recordações. Tinha que abordar a prova como se não a conhecesse sabendo apenas que iria passar na Lago de Óbidos durante o percurso.
Desde o Trail das Poldras que o treino não tem sido perfeito, tive duas semanas em que não cumpri com o estipulado (por ter feito anos e por estar de férias), mas na semana que a antecedeu consegui treinar como queria e sentia o corpo muito bem. Embora o treino não fosse como queria, a alimentação e o descanso tinham estado muito perto da perfeição e isso também ajudava a ter o corpo em boas condições! Na sexta feira foi dia de casamento... O primeiro casamento dentro do meu curso onde deu para reencontrar amigos que já não via à algum tempo! Foi um ótimo dia e quando saí da quinta vinha com a minha alma renovada... As condições estavam perfeitas para a prova que teria no dia seguinte!
No sábado era tempo de preparar tudo para a prova... Falei com o meu pai antes da saída e tentei preparar mentalmente aquilo que me esperava! Preparei todo o material para a prova, fomos buscar a minha namorada e seguimos para Óbidos para nos encontrarmos com a restante equipa... Agora permitam-me fazer um pequeno aparte à minha descrição da prova: O Caracol Trail Team esteve representado nesta prova com elementos que estavam no próprio dia em casamentos, com elementos que já estavam de férias e com elementos que tinham acabado de recuperar de lesão... Nenhum destes tinha obrigação de estar presente na prova e ainda assim todos sem exceção quiseram estar na linha de partida para darem tudo pela equipa! Vocês não são grandes, são enormes, obrigado por pertencerem a esta família! Não vou dizer nomes porque cada um sabe em que grupo se inclui!
No fim de ouvir o relato do Sporting e de me vestir para a prova estava na altura de ir ouvir o briefing e seguir para a linha de partida... No ano anterior, em que a prova grande fez parte do circuito, a prova teve uma saída muito rápida e pela experiência que ia tendo das provas anteriores do circuito sabia que esta não iria ser diferente! As equipas "da frente" tinham todos os elementos e a distância e altimetria da prova obrigavam a que o ritmo fosse muito elevado desde o início até ao fim da prova, cabia-me a mim aguentar os ritmos impostos!
Após a contagem decrescente feita pelo Luís Nunes, o pelotão saiu pelas ruas de Óbidos durante cerca de um quilómetro a ritmo controlado pela organização até entrarmos no primeiro trilho da prova onde aquilo que tinha previsto se confirmou... Os ritmos baixaram para a zona de 3:30min/km e o pelotão que vinha num aglomerado enorme passou a um grupo reduzido de menos de uma dezena de atletas! Aos 2 quilómetros temos uma passagem por uma ribeira com água até aos tornozelos e por muito que quisesse pensar numa maneira de não molhar os pezinhos o ritmo que ia na frente não o permitia... Em menos de nada o tal grupo já estava a sair da ribeira e eu tinha que fazer o mesmo! Logo após a passagem da ribeira tínhamos a primeira subida da prova... Esta subida era muito semelhante às restantes que iria encontrar ao longo da prova: curtas, com alguma inclinação que obrigavam a ritmos mais reduzidos! Quando acabei esta subida consegui manter-me no grupo da frente e não me sentia "pesado" pelos ritmos que se estavam a meter! Daqui para a frente o grupo era composto por 7 elementos, eu e o Pedro Ribeiro do Caracol, o Vitor Cordeio e o Luís Semedo de Portalegre, o Fernandes Gomes e o Tiago Lousa de Ferreira do Zêzere e o Diogo Baena da Juventude Vidigalense. Desde o quilómetro 2.75 até ao 7.80 o grupo foi-se mantendo constante, sempre a ritmos muito altos e com as lanternas de quem vinha na perseguição a ficarem cada vez mais distantes. No quilómetro 7.8 aconteceu o primeiro grande engano da nossa parte... O percurso mudava da estrada principal para um desvio à esquerda e nós não nos apercebemos da mudança de direção tendo ido até ao cruzamento que se seguia da estrada principal (250metros à frente)! Ao não vermos sinalização percebemos que não estávamos no caminho correto e voltamos para trás... Quando estávamos a 50 metros do tal desvio vemos o grupo que vinha atrás de nós a virar à esquerda, percebemos o nosso erro e seguimos na perseguição a esse grupo. Nessa perseguição os dois elementos de Portalegre seguem na frente, junto com o Gomes e os restantes ficam para trás, pela inclinação do terreno e pela indisponibilidade de um elemento que tinha beneficiado do nosso engano em chegar para o lado! Assim que este elemento se dignou a chegar para o lado, voltamos a seguir na perseguição e no fim da subida fiquei eu, o Diogo e o Tiago Lousa a perseguir os elementos que tinham conseguido fugir. Os ritmos foram sempre muito altos, tentamos sempre estar os três muito atentos às marcações para não nos enganarmos novamente e com tanta adrenalina no sangue parecia que nem sentia o corpo a ficar cansado... Já passavam dos 10 quilómetros quando me lembrei que ainda não tinha tomado o gel e lembrei-me que não tinha visto o primeiro abastecimento! Comentei com eles que não tinha visto e eles disseram o mesmo, de qualquer maneira tomei o gel com a água que me sobrava no flask na esperança de que o abastecimento aparecesse à frente... A verdade é que não apareceu mas felizmente não senti muita falta dele! Passados dois ou três locais onde não encontrámos a sinalização à primeira, seguimos os três em direção à lagoa de Óbidos, local que conheço muito bem das provas que realizei nos anos anteriores! Passados poucos metros vi a luz do abastecimento que costuma estar no fim da Lagoa e percebi que seria ali o abastecimento dos 20 quilómetros. O ritmo ia abaixo de 4min/km e estranhámos não ver o grupo da frente... Só havia duas possibilidades, ou se tinham perdido, ou então iam num ritmo alucinante! Ao chegarmos ao abastecimento volto a encher o flask, tomo sal, dois ou três bocados de melancia e perguntamos quantos já tinham passado... Disseram que éramos os primeiros, ou seja os da frente já se tinham perdido!
Distância: 29.53kms
Tempo:02:22:43
Classificação Geral: 1º Classificado
Classificação Escalão: 1º Classificado SenM
Apesar de não fazer provas "a sério" à mais de dois anos, vou já na minha sexta participação no Trail Noturno da Lagos de Óbidos. Em 2011 participei na distância de 25 quilómetros tendo passado para a distância de 50 quilómetros no ano seguinte marcando presença até 2015 nessa distância. Este ano, com a inclusão da prova de 30 quilómetros no Circuito Nacional de Trail Running voltei a marcar presença nesta distância. As minha memórias em relação à prova grande estão bastante presentes, lembro-me dos traços gerais da prova, mas da prova pequena não tenho praticamente recordações. Tinha que abordar a prova como se não a conhecesse sabendo apenas que iria passar na Lago de Óbidos durante o percurso.
Desde o Trail das Poldras que o treino não tem sido perfeito, tive duas semanas em que não cumpri com o estipulado (por ter feito anos e por estar de férias), mas na semana que a antecedeu consegui treinar como queria e sentia o corpo muito bem. Embora o treino não fosse como queria, a alimentação e o descanso tinham estado muito perto da perfeição e isso também ajudava a ter o corpo em boas condições! Na sexta feira foi dia de casamento... O primeiro casamento dentro do meu curso onde deu para reencontrar amigos que já não via à algum tempo! Foi um ótimo dia e quando saí da quinta vinha com a minha alma renovada... As condições estavam perfeitas para a prova que teria no dia seguinte!
No sábado era tempo de preparar tudo para a prova... Falei com o meu pai antes da saída e tentei preparar mentalmente aquilo que me esperava! Preparei todo o material para a prova, fomos buscar a minha namorada e seguimos para Óbidos para nos encontrarmos com a restante equipa... Agora permitam-me fazer um pequeno aparte à minha descrição da prova: O Caracol Trail Team esteve representado nesta prova com elementos que estavam no próprio dia em casamentos, com elementos que já estavam de férias e com elementos que tinham acabado de recuperar de lesão... Nenhum destes tinha obrigação de estar presente na prova e ainda assim todos sem exceção quiseram estar na linha de partida para darem tudo pela equipa! Vocês não são grandes, são enormes, obrigado por pertencerem a esta família! Não vou dizer nomes porque cada um sabe em que grupo se inclui!
No fim de ouvir o relato do Sporting e de me vestir para a prova estava na altura de ir ouvir o briefing e seguir para a linha de partida... No ano anterior, em que a prova grande fez parte do circuito, a prova teve uma saída muito rápida e pela experiência que ia tendo das provas anteriores do circuito sabia que esta não iria ser diferente! As equipas "da frente" tinham todos os elementos e a distância e altimetria da prova obrigavam a que o ritmo fosse muito elevado desde o início até ao fim da prova, cabia-me a mim aguentar os ritmos impostos!
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Últimas palavras antes da prova... Nos próximos dias sai um post sobre esta foto! |
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Linha de partida momentos antes da contagem para o início da prova |
Após a contagem decrescente feita pelo Luís Nunes, o pelotão saiu pelas ruas de Óbidos durante cerca de um quilómetro a ritmo controlado pela organização até entrarmos no primeiro trilho da prova onde aquilo que tinha previsto se confirmou... Os ritmos baixaram para a zona de 3:30min/km e o pelotão que vinha num aglomerado enorme passou a um grupo reduzido de menos de uma dezena de atletas! Aos 2 quilómetros temos uma passagem por uma ribeira com água até aos tornozelos e por muito que quisesse pensar numa maneira de não molhar os pezinhos o ritmo que ia na frente não o permitia... Em menos de nada o tal grupo já estava a sair da ribeira e eu tinha que fazer o mesmo! Logo após a passagem da ribeira tínhamos a primeira subida da prova... Esta subida era muito semelhante às restantes que iria encontrar ao longo da prova: curtas, com alguma inclinação que obrigavam a ritmos mais reduzidos! Quando acabei esta subida consegui manter-me no grupo da frente e não me sentia "pesado" pelos ritmos que se estavam a meter! Daqui para a frente o grupo era composto por 7 elementos, eu e o Pedro Ribeiro do Caracol, o Vitor Cordeio e o Luís Semedo de Portalegre, o Fernandes Gomes e o Tiago Lousa de Ferreira do Zêzere e o Diogo Baena da Juventude Vidigalense. Desde o quilómetro 2.75 até ao 7.80 o grupo foi-se mantendo constante, sempre a ritmos muito altos e com as lanternas de quem vinha na perseguição a ficarem cada vez mais distantes. No quilómetro 7.8 aconteceu o primeiro grande engano da nossa parte... O percurso mudava da estrada principal para um desvio à esquerda e nós não nos apercebemos da mudança de direção tendo ido até ao cruzamento que se seguia da estrada principal (250metros à frente)! Ao não vermos sinalização percebemos que não estávamos no caminho correto e voltamos para trás... Quando estávamos a 50 metros do tal desvio vemos o grupo que vinha atrás de nós a virar à esquerda, percebemos o nosso erro e seguimos na perseguição a esse grupo. Nessa perseguição os dois elementos de Portalegre seguem na frente, junto com o Gomes e os restantes ficam para trás, pela inclinação do terreno e pela indisponibilidade de um elemento que tinha beneficiado do nosso engano em chegar para o lado! Assim que este elemento se dignou a chegar para o lado, voltamos a seguir na perseguição e no fim da subida fiquei eu, o Diogo e o Tiago Lousa a perseguir os elementos que tinham conseguido fugir. Os ritmos foram sempre muito altos, tentamos sempre estar os três muito atentos às marcações para não nos enganarmos novamente e com tanta adrenalina no sangue parecia que nem sentia o corpo a ficar cansado... Já passavam dos 10 quilómetros quando me lembrei que ainda não tinha tomado o gel e lembrei-me que não tinha visto o primeiro abastecimento! Comentei com eles que não tinha visto e eles disseram o mesmo, de qualquer maneira tomei o gel com a água que me sobrava no flask na esperança de que o abastecimento aparecesse à frente... A verdade é que não apareceu mas felizmente não senti muita falta dele! Passados dois ou três locais onde não encontrámos a sinalização à primeira, seguimos os três em direção à lagoa de Óbidos, local que conheço muito bem das provas que realizei nos anos anteriores! Passados poucos metros vi a luz do abastecimento que costuma estar no fim da Lagoa e percebi que seria ali o abastecimento dos 20 quilómetros. O ritmo ia abaixo de 4min/km e estranhámos não ver o grupo da frente... Só havia duas possibilidades, ou se tinham perdido, ou então iam num ritmo alucinante! Ao chegarmos ao abastecimento volto a encher o flask, tomo sal, dois ou três bocados de melancia e perguntamos quantos já tinham passado... Disseram que éramos os primeiros, ou seja os da frente já se tinham perdido!
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Abastecimento dos 20kms (como não há fotos da nossa passagem tive que aproveitar outra) |
De qualquer maneira seguimos o nosso caminho, faltavam menos de 10 quilómetros e não podíamos abrandar o ritmo... Quando já tínhamos deixado definitivamente a lagoa para trás, chegamos a um local onde não encontrávamos marcações e o caminho se dividia em dois, segui eu por um local e o Diogo e o Tiago por outro! Embora os caminhos fossem paralelos, não tínhamos noção de onde um e outro ia dar e passados 100 metros vimos sinalização onde os percurso convergiam! Enquanto procurávamos sinalização o Vitor Cordeiro chegou a nós e o trio passou a quarteto! Assim que encontramos a sinalização seguimos novamente a um ritmo elevado... Quando já faltavam menos de 5 quilómetros para o final e o Vitor e o Tiago Lousa estavam a meter um ritmo ainda mais alto, o Tiago ficou com o lenço e com o frontal preso numa silva e teve que voltar atrás para os apanhar! O ritmo não diminui e quando chegamos à última subida antes da ascenção ao castelo tentei manter o ritmo forte e só seguiu comigo o Diogo... Fizemos a descida seguinte a alta velocidade e chegámos à subida final os dois juntos! Apesar de ser a subir o ritmo ia muito alto e o Vitor não dava sinais de se chegar a nós... Eram os últimos metros e tínhamos que dar tudo por tudo! Entrámos nas muralhas, subimos uma escadaria bastante inclinada e chegamos a um local onde vemos pessoas viradas para a estrada principal (o nosso percurso vinha de uma estrada "secundária")! Dizem que é para a direita, vejo o pórtico do Mundo da Corrida e percebo que aquela é mesmo a reta da meta... Meto o ritmo mais forte que consegui, afinal de contas aquele seria o sprint que definiria quem venceria a prova! Não percebi onde estava o Diogo preocupei-me apenas em dar o meu máximo... Quando chego ao pórtico da ATRP e me esticam a fita percebi que tinha sido mesmo eu a chegar em primeiro lugar! Soltei um "toma" por tudo aquilo que tenho vivido ao longo da época, os momentos bons e os menos bons que convergiram todos naquele segundo em que pude extravasar a minha alegria! Assim que terminei a minha prova fui dar os parabéns ao Diogo e estivemos um grande bocado à conversa! Já agora, Diogo, muitos parabéns pela tua prova, foste enorme! Fomos acompanhando a chegada dos outros atletas e estivemos também a conversar com o Tiago Lousa, que por infelicidade não nos conseguiu acompanhar nos últimos quilómetros, para a próxima corre melhor, campeão! Muitos parabéns aos restantes atletas mas em especial à minha equipa que tão bem deu conta do recado!
Enquanto esperava que chegasse toda a equipa três momentos ficam marcados na minha memória e me deixam uma lágrima no canto do olho! O sorriso e abraço do meu mano mais velho que assim que soube que eu ganhei veio em direção a mim a lembrar aqueles abraços que demos nas provas que completámos juntos! O abraço do meu ponta de lança Pedro Crispim que festejou comigo como se de uma vitória própria se tratasse e finalmente e mais importante, o salto que o meu pai deu para me abraçar por todos aqueles momentos que passamos terem finalmente culminado numa vitória numa prova deste "calibre"! A vitória não é minha nem nada que se pareça, é do meu pai, que com toda a paciência me vai orientando os treinos, é da minha equipa que me acompanha nos treinos e me faz cada vez melhor, é da minha família que me acompanha para todas as provas e por último mas não menos importante é da minha namorada que sempre me apoiou incondicionalmente em todas aquelas horas em que passei a correr e não podia estar com ela! Muito obrigado a todos!
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Pódio do TNLO |
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