13ª Paragem: 3ª Vitória da época 2017

Pombal Trail Running

Tempo: 03:29:15
Distância: 38.50kms
Classificação Geral: 1º Classificado
Classificação Escalão: 1º SenM

Um dos grandes objetivos da época está quase a chegar, daqui a menos de um mês realiza-se o Estrela Grande Trail e como tal está mesmo na altura de meter mais treino, de estar completamente focado nos objetivos e de fazer o final da preparação para esta grande prova. O último ciclo de provas veio ajudar neste final de preparação até porque veio dar algum ritmo em conjunto com um número elevado de quilómetros percorridos e era suposto ficar-me pelas três provas consecutivas... Mas como nem tudo o que está planeado é para se cumprir, apareceu uma prova no calendário que se poderia tornar interessante desde o momento em que não se abrandasse o treino por causa da mesma e que se encarasse a semana da prova com o máximo profissionalismo possível para que não chegasse completamente "derreado". Com estes dois pressupostos lá seguiu a inscrição para o Trail de Pombal, um trail numa serra que bem conheço (7 participações no Trail de Conímbriga - Terras de Sicó) e que tinha uma distância e altimetria de acordo com aquilo que estava planeado.

Tal como disse anteriormente queria abordar a semana da prova com o máximo profissionalismo e isto quer dizer que tinha que fazer uma alimentação equilibrada (e abundante), que tinha que descansar o melhor possível e treinar com total foco para que todo o encadeamento de sessões de treino se mantivesse e o corpo fosse recebendo a carga da maneira correta... Consegui cumprir tudo escrupulosamente e quando terminei o treino de sábado desabafei com o meu pai que apesar de me sentir naturalmente cansado sentia o corpo com força e pronto para a prova do dia seguinte.

Já no domingo saiu a comitiva do Caracol, não tão grande como em candeeiros mas ainda assim bem composta e após uma rápida viagem chegámos a Pombal, um local que já conhecia por ter lá realizado a Corrida do Bodo em 2010 e 2011. Como era de esperar ainda não havia muito movimento, a prova com maior número de participantes saía 30min mais tarde que a nossa... Foi só levantar o dorsal, ir equipar e seguir para o largo da partida para tirar a foto de família.

Os 4 do chapéu e o careca
Apesar do elevado número de abastecimentos (6), fazia parte do regulamento que era obrigatório levar mochila... Sendo assim levei a minha nova mochila Instinct (a minha opinião sobre a mochila sai na próxima semana) e fui preparado para parar no mínimo número de abastecimentos. Além disso tinha ainda o meu pai que ia acompanhar a prova e que me podia dar os flasks já cheios poupando assim algum tempo.

Foi com todos estes pensamentos que segui para a linha de partida, junto com a equipa e aguardamos pelas indicações. Após um breve discurso da organização sobre a cor das fitas seguimos para a segunda prova a contar para o apuramento para a Taça Nacional de Trail - Zona Centro. Com exceção do Hugo Gonçalves e dos caracóis, não conhecia de nome nenhum dos restantes elementos da prova portanto o objetivo era partir ao ritmo que alguém impusesse e logo se veria. Assim que arrancamos o Hugo acaba por sair mais forte do que eu estava à espera e sigo colado a ele nos primeiros metros da prova junto com outro atleta.

Primeiros metros da prova
Assim que saíamos da zona habitacional de Pombal, o percurso tinha uma ligeira inclinação e aproveitei para esticar um bocado o andamento, para ver quem seguia... Deixo de ouvir atletas atrás de mim e percebo que estou sozinho. Como sei que nos primeiros quilómetros tínhamos uma das maiores subidas da prova, aproveitei para continuar com o andamento "esticado" até chegar a essa subida e depois logo via em que situação se encontrava a prova. Ia aproveitando para olhar para trás, para ver quem vinha e seguia o mesmo duo na perseguição, sendo que a vantagem ia aumentando gradualmente... Quando chegamos aos 3.5kms, o início da tal subida, já não ouvia ninguém atrás e aproveitei para fazer a subida a um bom ritmo! Apesar de toda a carga da semana as pernas iam a reagir bem e como não tinha que pôr ritmos demasiado elevados, conseguia manter um esforço contínuo e não demasiado massacrante. Fiz a subida toda a correr e quando cheguei ao topo olhei para trás e já não vinha ninguém, estava tudo a correr bem e agora a preocupação era não perder o avanço que tinha ganho. Após uma zona algo técnica (um trilho de ligação com muita pedra solta), tínhamos uma ligeira descida que dava acesso à zona da pedreira e logo depois, nova subida, esta mais curta mas também mais inclinada. Na parte final da subida meti um pequeno troço a passo e aproveitei para olhar para trás... A meio desta subida mais inclinada, o Pedro Crispim já tinha passado o duo que ia na minha perseguição e estava a ganhar espaço. Parecia que a prova estava a correr de feição para os caracóis e dependia de nós manter isso. Foi com este pensamento que ataquei a descida, não muito técnica, como é normal nesta serra e aproveitei para abrir a passada... Inicialmente o ritmo estava demasiado calmo, a beleza da prova estava a deixar-me demasiado tranquilo mas voltei logo ao foco da prova e rapidamente cheguei ao primeiro abastecimento, no final da descida.

Comitiva dos caracóis à espera dos atletas no primeiro abastecimento
Entre o primeiro e o segundo abastecimento senti que o corpo estava a responder bem. Pouco depois do abastecimento vou a meter a boca ao flask novo que tinha na mochila e... Ele não estava lá. Não sei se fui eu que não o deixei cair até ao fundo do bolso, se não apertei o bolso corretamente, a verdade é que entre o primeiro e o segundo abastecimento só tinha um flask para gerir. Para piorar a situação, esta era a fase em que havia menos abastecimentos e o tempo demorava mais a passar! Sentia que o ritmo que estava a impor era forte e felizmente consegui chegar ao segundo abastecimento sem passar sede. Ao chegar ao segundo abastecimento o meu pai dá-me novamente o flask e tenho a preocupação de fechar bem o bolso, depois diz-me que a vantagem ia em dois minutos para trás e que quem vinha atrás continuava a ser o Crispim junto com o Hugo. Esta fase inicial era francamente a nosso favor, subidas longas, com algum desnível, descidas não demasiado técnicas, poucas fases planas, basicamente a serra onde treinamos sempre mas com muito menos pedra e era nisso que estava a contar para manter a vantagem que tinha. Saí do segundo abastecimento e pouco depois inicia-se a subida mais dura da prova (2.9kms com 280mts D+) e é aqui que percebo que estou mesmo a ficar na minha melhor forma dos últimos tempos... Fiz a subida quase toda a correr e quando cheguei ao topo, embora viesse cansado sentia que ainda tinha muita força para o que restava da prova! 

Apoio do meu pai no final da longa subida (quão importante é ter-te ali, obrigado)

Disse ao meu pai que me sentia muito bem e que em princípio devia ter aumentado a vantagem para trás. Ele disse-me que entre o primeiro e o segundo abastecimento tinha aumentado a distância e que o Crispim lhe "parecia bem". As coisas continuavam de feição para os Caracóis e assim que cheguei à descida seguinte agradeci o facto de ter feito uma boa subida anteriormente, é que a seguir vinha uma descida algo técnica e optei por não arriscar muito, não valia a pena pôr a prova em risco numa descida que ainda por cima não era muito comprida! Fui variando a velocidade consoante a tecnicidade do trilho e rapidamente cheguei ao final da descida onde estavam muito bombeiros para assegurarem que todos os atletas lá chegavam em condições (um dos pontos muito positivos era a integração de bombeiros em muitas zonas do percurso, a todos o meu muito obrigado). Logo após esta descida mais técnica, nova subida, desta vez ao ponto mais alto da prova, voltei a meter um ritmo forte, tal como vinha fazendo nas anteriores e foi com naturalidade que cheguei ao 4º abastecimento. É aqui que o meu pai me diz que o Crispim tinha conseguido ficar sozinho de vez e portanto, já tínhamos dois caracóis nos dois primeiros da geral, agora era só manter. A partir deste abastecimento a prova mudava de "intensidade"... Andávamos numa fase plana durante quase três quilómetros onde consegui meter ritmos relativamente altos, uma descida não muito técnica e a seguir a última subida da prova, muito menos intensa que as anteriores mas aqui o que já começava a pesar eram os quilómetros percorridos. Ainda assim, e como sabia que o final era praticamente todo a descer não havia necessidade de reduzir o ritmo. Cheguei ao quinto abastecimento, aproveitei para encher o flask que estava vazio, um copo de coca cola e segui logo, não queria perder muito tempo nos abastecimentos (o Piodão ficou-me na memória pelo que "perdi" nos abastecimentos).

Abastecimento em Vila Cã (obrigado pela ajuda)
A partir daqui, com duas exceções que falarei à frente, a prova ou era a direito (pouco tempo), ou a descer (a maior parte do tempo). Tinha noção que a prova estava "controlada" mas não queria perder o foco neste final de prova, tentei ao máximo fazer uma boa descida no downhill, sempre sem arriscar muito e no final, como tinha feito uma boa descida, nem precisei de parar no abastecimento. Aproveitei a velocidade que tinha da descida e arranquei para os quilómetro finais da prova. Pouco depois apanhamos uma das tais exceções que falei, uma autêntica parede, muito curta, onde apanhamos os atletas da prova mais curta. Todos foram impecáveis, iam deixando passar e davam força à medida que ia passando... Logo no final da subida, novo abastecimento que não estava "previsto" mas como vi coca cola (da original) aproveitei para beber o fundo da garrafa e seguir novamente.

Após este abastecimento "surpresa" seguíamos um trilho não muito longo e entrávamos nos últimos quilómetros da prova que coincidiam com os primeiros. Vejo os meus pais junto a uma descida que ficava sensivelmente a 3 quilómetros da meta, disse-lhes que não tinha noção do avanço mas que como me senti sempre bem, devia estar parecido à última vez que os tinha visto... Fiz esses quilómetros a bom ritmo, afinal tinha a perfeita noção de quanto faltava para o fim! Ou pelo menos achava que sabia... Quando passamos na estrada que ficava no suposto último quilómetro de prova, somos mandados para uma subida que dava acesso ao castelo, a segunda exceção... Devo admitir que a integração da feira que decorria no castelo foi uma ótima ideia mas o corpo já não estava à espera deste último "massacre". Acabei por reduzir um pouco o ritmo até que apanhei mais dois atletas da curta... Umas simples palavras de incentivo pela parte deles e a cabeça deu o "click". Já faltava tão pouco, para quê reduzir? Voltei a meter um bom ritmo, terminei a subida, fiz a descida em degraus e lembrei-me do Pedro Ribeiro no MIUT, onde degraus não faltam (parabéns Campeão) e percebi o fim de semana fantástico que a nossa equipa estava a ter, o Pedro no top 15 português do MIUT, eu com a vitória na prova e esperava que o Crispim mantivesse o 2º lugar. Foi assim que cheguei à reta da meta, cumprimentei o meu pai e concluí a prova.

Final da prova, filmado pela minha irmã, a minha "diretora de imagem", como ela diz :p
No final houve logo uma preocupação por parte da organização de saber como estava a prova a nível de marcações e de abastecimentos e a minha resposta foi imediata: 5 estrelas. Excepto dois problemas de marcações onde se percebia que a organização não tinha culpas, a prova estava exemplarmente marcada, com abastecimentos muito completos, com belas paisagens e com os primeiros 22kms muito duros. Da minha parte só posso agradecer e dar os parabéns por esta bela prova que organizaram... Com mais alguma divulgação e têm aqui "pernas" para fazer uma grande prova a nível nacional.

Após uma curta espera, lá vem o Pedro Crispim na reta da meta! Os dois primeiros lugares eram dos caracóis, parabéns puto! 

1º e 2º da geral
A seguir ao Pedro aparece o Hugo Gonçalves, falamos um bocado e logo a seguir aparece o João Pedro com o Gil Vicente um pouco mais atrás! 4 caracóis no top 5, o fim de semana estava perto de perfeito! Depois apareceu o João Martins e era altura de festejar a também conquista coletiva... Parabéns malta!
Pódio da geral e dos SenM


Equipa completa e respetivos prémios
Para culminar o "fim de semana" de ótimos resultados tivemos vários caracóis em Ourém, onde a Joana acabou por fazer 3ª classificada da geral feminina, parabéns rapariga e à restante caracolada.

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