5ª Paragem 2023/2024: Tudo o que eu estava a precisar

Trail da Amizade

Distância: 32.66km
Tempo: 2h47’24”
D+: 1237m
Classificação Geral: 4º Classificado 
Classificação Escalão: 2º SenM

O Trail do Zêzere trouxe ótimas sensações! Uma prova muito bem gerida, sempre a um ritmo alto e que deixava muito boas perspectivas do que aí poderia vir. O que não estava à espera é que tivesse deixado uma vértebra rodada e que me trouxesse as dores de cabeça que trouxe. A fase mais “aguda” da dor foi mesmo no longo, uma semana depois da prova. A dor era muita, mal consegui arrancar, mas após uma fase inicial com passos muito pequenos, lá consegui fazer um longo que, longe do pedido, ainda deu para meter o corpo a trabalhar. 

Como não havia tempo a perder, segunda foi dia de massagem, meter os ossos todos no sítio e descansar dois dias para ficar tudo como era suposto. Apesar de ainda não estar perfeito, voltei aos treinos, tentei aproveitar o descanso forçado, preparar bem a prova e seguir no domingo para Santiago Da Guarda, no Trail da Amizade.

A linha de partida da prova estava cheia de qualidade… O Miguel Arsénio e o António Almeida já dispensam apresentações. Atletas de outro nível (a maneira como sobem é inacreditável) e um grupo de segundos atletas, onde me incluo, que, em situações normais, tentariam ocupar o último lugar do pódio. 

Linha de Partida do Trail da Amizade

O ambiente da partida estava bastante agradável, os discursos do padrinho e da madrinha faziam prever uma prova tão bonita quanto rápida e o Ferrari da linha de partida deixava antever uma fase inicial ainda mais rápida. Após os discursos pré prova, contagem decrescente de 10 até 0 e o Ferrari faz-se ouvir à frente do pelotão dos 32km do Trail da Amizade.

Ferrari a marcar o primeiro quilómetro de prova

O Samuel Reis saiu disparado na frente e depois cria-se um grupo com o resto do pessoal que, não saindo a fundo, seguia a bom ritmo. Primeiro quilometro a 3’55”, o Miguel assume a perseguição (a boa disposição desde o início dá um ótimo ambiente a quem está a competir). Os 3 primeiros quilómetros eram marcados por um sobe e desce constante, onde dava perfeitamente para ir metendo ritmos altos e ver quem seguiria. Apesar de todas as limitações da semana senti-me sempre bem e tentei meter o meu ritmo. O Miguel e o António acabaram por se destacar até apanharem o Samuel Reis e eu fui ficando para trás e ia alternando os lugares com o Marco Pacheco na perseguição para apanhar o Samuel que ia perdendo a vantagem inicial. Junto a nós vinha o Gonçalo Fernandes que, mesmo sem passar pela frente do grupo, seguia sempre junto a nós. Apesar de todos sabermos que nunca chegaríamos ao duo da frente, os ritmos estavam longe de abrandar. Do 4º ao 11º quilómetro, apesar da toada principal ser a subida, não existiu um quilómetro mais lento que 5'14'' e a alternância de quem passava pela frente para puxar fazia com que ninguém quisesse ficar um milímetro para trás. Chegados aos 11km, o filme da corrida mantinha-se, comigo a estar no segundo grupo, junto com o Marco, o Samuel e o Gonçalo, mas a prova estava prestes a entrar na fase mais dura do percurso: as duas principais subidas e descidas da prova, aos 11 e 15km, e as descidas que lhe correspondiam. A primeira subida era uma subida típica de Serra (os meus parabéns pelo esforço de levar a prova a um sítio como este), grande inclinação - 15% e difícil progressão, com zonas de autênticos degraus feitos de pedra. Segui sempre atrás do Marco Pacheco porque sabia que poderia fazer a diferença a seguir, na fase final da subida, e assim tentei fazer. 

Terminar a subida atrás do Marco Pacheco

Assim que chegamos ao topo, tento arrancar forte para me destacar do grupo mas, mesmo tendo imposto um ritmo forte, a resposta do Marco e do Samuel foi pronta. Aparentemente aquele ainda não era o momento para sair e entrámos na descida juntos e prontos para o que se seguiria. Iniciamos a descida e, em grande velocidade, o Marco Francisco (que já tinha visto a aproximar na subida) passa por nós! Uma fase algo técnica, com pendentes bem agressivas, acabo por ficar sozinho com o Gonçalo, uma vez que o Marco Pacheco e o Samuel Reis tentam seguir o Marco Francisco. O meu ritmo não ia baixo, atenção, simplesmente não poderia meter em causa a energia necessária para atacar o fim da prova. Faço toda a descida a bom ritmo (a confiança ia aumentando à medida que as Scarpa não resvalavam em nenhum local) e, mesmo no final, apanho o Samuel e o Marco Pacheco, voltando a ficar o grupo de 4 (juntamente com o Gonçalo), mas desta vez com o Marco Francisco entre nós e o duo da frente. A partir daqui, sabia que tinha que começar a pegar na prova de forma mais decisiva. Os quilómetros eram cada vez menos e tinha que aproveitar a fase final com menos desnível para meter ritmos que tão treinados estavam dos últimos 3 anos. Se já tinha ficado com a ideia que isso tinha acontecido, mais esclarecido fico quando volto a analisar a prova no final. Entre os 19 e os 32km, 4 quilómetros foram feitos a rondar os 4'/km e só os com mais de 60m de D+ foram mais lentos que os 5'/km. Tendo em conta que o terreno tinha uma fase final mais técnica, só posso sair desta prova, tal como escrevi no instagram, a saber que dei tudo! Essa parte final fez com que me conseguisse afastar decisivamente de quem vinha comigo, mas sem nunca conseguir chegar à frente, tendo terminado no 4º lugar da Classificação Geral (falta saber qual a classificação ITRA que sairá desta prova).

Foi com a corda na garganta, nem deu para comer no final da prova

Relativamente à prova, gostava de deixar os parabéns à organização, foi um enorme evento! Tentaram levar de tudo para o percurso, tendo passado por zonas altamente corríveis, por zonas técnicas e zonas com um grande desnível. Logisticamente foram inexcedíveis, com pequeno almoço pré prova, almoço pós prova e um sem número de pessoas a auxiliarem na organização com uma enorme simpatia. Peço desculpa por ter saído mais cedo mas, como falei convosco, tinha mesmo que estar cedo em Lisboa.

Relativamente a mim, o título diz tudo. Se gosto de ganhar, e gosto muito, não gosto menos de sentir que ainda há muito trabalho pela frente e que nunca se podem baixar os braços. Esta última semana que passou foi fantástica em termos de treinos e hoje arrancamos com mais uma. Seguimos focados! Obrigado por estarem aí desse lado!

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