6ª Paragem 2017: Regresso ao Calcário

Trilhos do Castelejo

Tempo: 04:03:41
Distância: 40.95kms
Classificação Geral: 4º Classificado
Classificação Escalão: 3º Classificado SenM

Enquanto estava a "planear" o primeiro semestre deste ano com o meu pai, surgiu no calendário os Trilhos do Castelejo. Numa fase em que era importante fazer provas longas seria uma ótima oportunidade para fazer muitos quilómetros, com muito desnível e onde poderia testar como estava a responder o corpo ao treino. Esta prova tinha como "bónus" pertencer ao circuito do calcário, um circuito que a nossa equipa ganhou em 2015 e que nos deixou ótimas recordações.

Após a vitória no Trail de Ourém a motivação foi lá para cima. Sentia-me bem a treinar e embora andasse com um carga relativamente elevada, a vontade de sair para mais um treino era sempre grande. Cumpri integralmente as duas semanas de treino que antecederam a prova e cheguei a domingo com a nítida sensação que o corpo estava pronto para os 40kms que se seguiriam.

Embora a meteorologia que se previa para o evento fosse muita chuva, tenho sempre aquele pensamento que não vai ser assim tão mau e que pode ser que abra... Foi assim em Sicó em 2016 e era este também o pensamento para esta prova. Saímos de Torres Novas e as preces pareciam estar a resultar, embora chovesse não era nada muito intenso! Assim que chegamos a Alvados para levantar dorsais e preparar para a prova, começa a chover bastante, de tal maneira que resolvemos ficar abrigados por mais uns tempos antes de ir equipar, para ver se a chuva abrandava momentaneamente. A verdade é que pouco abrandou e tivemos mesmo que ir à chuva preparar a prova...

A malta bem que vestia casacos mas a chuva não dava tréguas
Como já se previa a chuva não abrandou e assim que entrámos no "garrafão" de partida voltou a cair com mais intensidade... Ouvimos umas palavras da organização e saímos para a prova, em conjunto com os atletas dos 23 e dos 10 quilómetros. Embora isto já seja "imagem de marca" da organização, para quem vai para competir e gosta de perceber o que está a acontecer na prova esta não é a melhor das partidas... Saí no meu ritmo e tentei ir percebendo onde estava o pessoal da minha prova: o Guilherme Lourenço nunca o vi, saiu com os da frente da pequena; O Bruno acabou por fazer a parte inicial comigo e apanhámos o Nuno Alexandre Reis no início da primeira subida. Tudo o que fugisse a estes "conhecidos" não conseguia perceber de que prova seriam.
Saída em "massa" das 3 provas
Apesar do muito desnível da prova (1623 D+), os primeiros 4 quilómetros desenrolavam-se numa zona plana que permitia ritmos relativamente altos... Tentei não "abusar" de início porque qualquer excesso inicial poderia pagar-se muito caro nos últimos quilómetros. Como disse antes, cheguei à subida inicial com o Bruno e com um senhor que só depois percebi ser da prova grande também, o Arménio Coelho, das Chitas de Alcobaça.
Início da primeira subida
Fiz a subida praticamente toda a bom ritmo, embora a inclinação não me permitisse correr na sua totalidade, tentava manter um ritmo forte a andar e um ritmo "certinho" a correr. Acabámos por apanhar o Nuno a meio da subida e fomos sempre perto uns dos outros até ao final desta. Logo após a subida iniciou-se uma descida por uma zona de pedra solta e lajes compridas e escorregadias... Embora a confiança esteja a aumentar de dia para dia, ainda não permite grandes aventuras neste tipo de piso e acabei por perder o comboio deste grupo. A situação agravou-se ainda mais quando iniciámos a zona mais técnica da descida... As fitas iam marcando por onde devíamos ir, mas cada um decidia por onde queria descer porque não havia propriamente um trilho definido. Quando ia a meio deste troço olho para baixo e já só vejo o Bruno e o Nuno a terminarem a descida. Tento acelerar o passo e esquecer um bocado o pé, acabo bem mais "à vontade" do que comecei mas o barco estava perdido, agora era tempo de ir atrás do prejuízo. O que valia é que a chuva parecia dar tréguas momentaneamente e isso acaba sempre por me dar motivação. Tentei meter um ritmo forte nas zonas planas e em menos de nada estava na segunda subida da prova, uma subida menos inclinada mas bem mais comprida, uma diagonal que se via desde o local de partida e que atravessava praticamente na íntegra aquela encosta da Serra. Quando a iniciei estava a uma distância menor do Bruno do que pensei (o Nuno já ia lá mais à frente) e queria tentar reduzir a distância.
Início da segunda subida
Como a subida era menos inclinada tentei fazer tudo a correr com a exceção de uns segundos onde aproveitei para comer uma barra e voltar a correr. Embora esta subida fosse mesmo ao meu jeito, acabei por não conseguir fazer a diferença que queria, não me aproximei o suficiente e era exatamente no topo desta subida que a prova ia mudar para mim. Quanto mais subíamos piores ficavam as condições meteorológicas. Começou por ficar mais "fechado", depois começou a chover e mesmo no topo desta subida começa a cair mesmo muita chuva que tinha ainda ventos fortes para ajudar. É nesta fase que agradeço ter comprado o WAA Ultra Rain Jacket à Wild e percebo o que falhou no Sicó do ano passado. Apesar das péssimas condições para correr, consegui manter o calor corporal e manter-me focado na corrida. O ritmo naturalmente desceu, não me sinto particularmente à vontade a correr nestas condições mas apesar de tudo, sentia-me capaz de continuar a prova sem estar a pensar no frio e no mal que estava a passar. Fui passado por três atletas nos trilhos mais técnicos que eram basicamente constituídos por lajes, tendo cuidados redobrados e acabando por perder algum tempo. Foi assim que a situação se manteve até à divisão dos percursos, cerca do quilómetro 20. Tal como referi no início, continuava sem fazer a mínima ideia da posição em que ia... Sabia que pelo menos três iam à minha frente mas poderiam ir mais. Após a divisão do percurso vejo à minha frente um dos atletas que me passou naquela fase menos boa, após a segunda subida, era o Arménio, que falei anteriormente. Tentei voltar a colar para tentar ganhar mais uma posição, mas entretanto aparece uma zona em que andámos a saltar muros e blocos de pedra e voltei a deixar de o ver. Estava a desanimar e felizmente, após uma passagem num trilho muito escorregadio, vejo a entrada das grutas de Santo António, o que significava que estava a chegar ao abastecimento.
Chegada ao 3º abastecimento da prova (21kms)
Quando lá cheguei disse ao meu pai "Se não fosse a equipa, ao tempo que já tinha mandado isto para as urtigas". Estava mesmo desanimado, o tempo estava a melhorar mas já nada me tirava o temporal que tinha apanhado antes. O meu pai disse para ter calma e para fazer a minha prova, depois logo se via. Troquei de flask e segui, acabando por passar o Arménio que ficou no abastecimento. Entre os 21kms e os 26kms fomos trocando entre o 6º e o 5º lugar (o Juca tinha-me dito em que lugar ia), até que começou uma descida que conhecia bem de 2015, por a ter feito a subir. Sabia que era pouco técnica e como tinha acabado de recuperar o 5º lugar (em mais uma das trocas de posição), não podia abrandar o ritmo. Acabei por manter o 5º lugar, sempre com o Arménio atrás e só quando o terreno ficou plano é que consegui ganhar alguma distância que foi aumentando até ao 4º abastecimento, aos 30kms. Neste abastecimento estava o Pedro Ribeiro que apesar de lesionado veio ver e apoiar a equipa, obrigado e as melhoras, companheiro!

Após o 4º abastecimento, já na subida
Logo após o abastecimento iniciávamos uma subida não muito longa, nem muito técnica, o que após ter ganho aquela distância e ter ficado isolado no 5º lugar, vinha mesmo a calhar. Estava a sentir-me forte mantendo sempre um ritmo certo quando a meio da subida vejo o atleta que ia em 4º lugar. Consegui aproximar-me e passar e tentei aumentar ainda mais o ritmo. Fazemos um ligeiro troço a descer, chegamos muito próximo da aldeia e voltamos a virar para a zona da serra... Seguimos por uma subida bastante inclinada, com vista para as Grutas de Alvados em direção à zona que dá o nome à prova, o Castelejo. Quando estamos a chegar ao topo dessa subida, olho para trás e a 200 metros estava novamente o Arménio. Apesar de estar a andar forte não tinha noção que tinha alguém tão perto de mim. Terminei a subida e seguia-se uma descida com algum grau de tecnicidade onde teria que esquecer o pé e correr para não perder o 4º lugar. Começo a abrir e o pé vai respondendo bem, continuo a arriscar e rapidamente cheguei perto da aldeia de Alvados, local da chegada. Aqui surgia nova surpresa da organização... Apesar de estar mesmo perto da chegada, fomos dar mais uma volta num trilho bonito que acabava por "partir" os atletas. Como sabia que estava a ser "perseguido" tentei não abrandar o ritmo e assim que saí deste trilho meti um ritmo forte (4'12''/km) até chegar à meta.
Passagem no pórtico de chegada
Foi assim que após 4h03' cheguei à Aldeia de Alvados, sabendo que foi uma boa prova, que valeu muito pela segunda metade que fiz (senti-me bem e consegui perder alguns bloqueios do pé) e que serviu também para testar o material em condições atmosféricas muito adversas. No final, a nossa equipa voltou a vencer uma prova do circuito do Calcário e ainda fui ao pódio de SenM... Foi um ótimo treino para as provas que se seguem.

Em relação à organização: têm um dos melhores percursos do país, com paisagens belíssimas e com um grau de dificuldade técnico e de desnível relativamente elevado. As marcações eram as suficientes mas podiam ser reforçadas em alguns pontos. Falta apenas algum trabalho de divulgação da prova e uma adaptação maior aos atletas para terem aqui uma das melhores provas a nível nacional, assim o queiram.

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