24ª Paragem 2017: O início de 2018

Ultra Trail Serra de Grândola

Tempo: 05:09:40
Distância: 50.42kms
Classificação Geral: 2º Classificado
Classificação Escalão: 2º SenM

A época de 2017 para mim já acabou... Não consegui cumprir praticamente nenhum objetivo a que me tinha proposto no final do ano de 2016 e no final da Serra D'Arga tomei a decisão de terminar o ciclo de 2017 e iniciar o ciclo de 2018.
Ficava assim com praticamente 3 meses para preparar a próxima época e o primeiro mês foi passado integralmente a treinar, sem provas, sem momentos competitivos de que natureza fossem! O único objetivo daquele mês era apenas treinar e melhorar para poder abordar os primeiros objetivos de 2018 com mais capacidade competitiva e com toda a confiança que o ano novo trará novas conquistas! Ainda assim tinha alguns compromissos desta época que tinha que completar: Ultra Trail Serra de Grândola, para a equipa terminar o Campeonato Nacional de Ultra Trail, o Trail do Zêzere, para poder retirar a pior prova de classificação para a Taça Nacional de Trail e o Trail Iberlinx de Barrancos, porque já não vou a Barrancos há muito tempo e tenho lá muitos e bons amigos, entre os quais o enorme organizador da prova, Ico Bossa!

Equipa pronta para a prova
No fim de semana que passou era a vez do Ultra Trail Serra de Grândola... Tinha noção de que o corpo estava a reagir muito melhor do que na restante época, o empenho nos treinos também foi muito maior e queria ir atrás de uma boa classificação! A nível pessoal, tal como escrevi no facebook, a "tempestade" ainda não tinha passado, mas aparentemente estava em fase de verificação de danos, e isso deixava-me a motivação ainda mais em alta! Saí de Torres Novas ainda no sábado em direção a Lisboa onde pernoitei e na madrugada seguinte fui até Grândola, onde me encontrei com o resto da equipa, o Pedro Ribeiro, o Pedro Ricardo e o Francisco Gaio. Estava algum frio mas o sol a nascer deixava antever um dia bom para correr, sem muito calor mas que permitia perfeitamente fazer a prova de t-shirt... Assim seguimos para a linha de partida para fazer o "controlo 0" do material e do chip, ouvimos as últimas palavras e após o toque da buzina, começaram os primeiros 50kms de teste para 2018.

Eu e o meu mano mais velho no controlo 0
Os primeiros três quilómetros eram muito rápidos, um estradão praticamente plano e o "Fred" do Monsanto a tomar a frente da prova. Apesar de o ritmo ir muito forte para a distância que era, optei por seguir logo atrás, não queria perder logo o "barco" da frente e logo atrás de mim veio também o Pedro Ribeiro. Ao fim de 3kms tínhamos 11min 56seg de prova e a partir daqui vêm as primeiras inclinações da prova... Tinha analisado o gráfico da prova e não via como era possível com 315mts de altitude máxima, a prova ter 2700mts de D+ mas quando começaram os declives percebi logo como era possível, declives muito acentuados, a subir e a descer e em praticamente toda a extensão da prova. Logo após esses três quilómetros o Pedro passa para a frente da prova, ainda tento ir com ele mas o ritmo é muito forte e deixo-me ficar para trás, com o Fred logo atrás de mim... Numa dessas descidas inclinadas o Fred volta a passar-me e fico na terceira posição! Mas como disse antes, logo a seguir à descida vieram uns troços a subir e descer e depois uma subida mais extensa e com a mesma inclinação e voltei a passar para a frente, desta vez em definitivo! Ainda fui ouvindo passos atrás de mim mas aos 13kms, na primeira real parede da prova (440mts com com 93mts de D+), olhei para trás e já não via o Fred conseguindo ainda ver o Pedro a acabar a subida quando eu ia sensivelmente a meio... 

Se não me engano, a parede era esta
A prova estava a correr bem, estava a sentir-me com força e apesar de todos estes desníveis, conseguia fazer parte das subidas a correr! Por volta dos 14.5kms, o primeiro de dois erros... Íamos num estradão e o percurso seguia para a direita, numa parte do percurso quase sem trilho e como não havia cal no chão (como tinha havido e muito bem no resto do percurso), segui em frente! Quando cheguei ao cruzamento à frente, cerca de 50mts, vi que estava mal e voltei para trás. Encontrei logo o trilho e fiz parte da subida a correr, ainda que mais uma vez fosse bastante inclinada. Quando chegamos ao topo temos uma descida até um estradão e sigo o meu caminho. Mais uma vez chego a um cruzamento e não vejo fitas... Antes havia um cruzamento para a direita, que também poderia ter cal, ou no mínimo, mais fitas a indicar uma mudança de direção! Foram os únicos dois "erros" de marcação ao longo de todo o percurso, os meus parabéns à organização por todo o trabalho com a sinalização, quer com fitas, quer com a cal, estava muito bom! De qualquer maneira, segui logo pelo caminho correto e como no final da descida tínhamos uma das poucas zonas planas, consegui recuperar o tempo perdido sem nunca ouvir o Fred atrás de mim... Quando cheguei aos 25kms tive a curiosidade de ver no relógio o desnível que a prova levava (tenho essa opção "escondida" por um botão, para não me ir assustando), e já íamos com 1500mts! 

Após uma das descidas da prova que iam desgastando os músculos
Das duas uma, ou a prova tinha mais que os 2500mts anunciados (!!!!!) ou então a segunda parte seria mais fácil. Contínuo com o foco na minha prova, tentava ir perguntando a quem estava nos abastecimentos e quando passei pela Andreia, pela diferença para o Pedro, até para tentar perceber se estava a perder muito embora não conseguisse ter noção de nada do que se passava atrás de mim... Os declives da segunda metade não reduziam nada e vou consultando o relógio para ver como estava o denível: não parava de se aproximar dos 2500mts com ainda muitos quilómetros para percorrer! Nos abastecimentos toda a gente se preocupava em ajudar os atletas, foi bom não ter que me preocupar com nada, havia sempre alguém para fazer o que pedíamos e com uma palavra de incentivo! Cheguei ao último abastecimento, vejo o desnível e levo 2500mts! Ainda faltavam 4 quilómetros, devia ser sempre a descer ou a direito... Ou pelo menos era o que eu achava! Mais uma subida pequena e uma parede e aí sim, chegamos aos últimos quilómetros da prova, a direito. Inacreditavelmente continuava a sentir-me bem, começei por rondar os 4'20''/km, quando faltavam três quilómetros para a meta, depois começaram os ameaços de caimbra, e reduzi para 4'40''/km... Já muito perto da meta, depois de ver que não vinha ninguém atrás, com as caimbras a ameaçarem cada vez mais reduzi para 5'/km e cheguei à reta da meta! 

Reta da meta
No final, a sensação de dever cumprido! Não foi a prova dos meus sonhos mas foi provavelmente uma das três melhores provas do ano... 50kms a 6'08''/km com 2700mts de D+ deixaram-me com boas perspetivas daquilo que posso vir a fazer! A nível coletivo, o primeiro lugar foi um ótimo prémio para estes 4 rapazes que vieram até Grândola para a equipa poder terminar o Circuito Nacional de Ultra Trail! Num fase em que a nível pessoal as nuvens e o vento voltam a ameaçar toda a construção, fica a sensação que o que quer que se passe no Zêzere, não vai ser saboreado como em Grândola, mas os reforços à estrutura estão colocados, é esperar que os ventos dêem tréguas rapidamente para poder voltar a saborear todas as conquistas como nos últimos tempos! 
Pódio coletivo em Grândola, com o pessoal do Monsanto
Queria só deixar uma palavra de parabéns à organização pela prova com que nos brindaram... Muita dureza, pessoas interessadas e com gosto no que faziam nos abastecimentos e uma sinalização que tirando aqueles dois erros, esteve exemplar! Ouvi muita gente falar em só ter dois abastecimentos sólidos mas honestamente não como praticamente nada nos abastecimentos, como já falei em outros posts, portanto a mim não me fez diferença! Muitos parabéns pela prova!

Comentários

  1. Só tens 3 provas realizadas para a Taça de Portugal(?) e como contam as melhores 6, não vais deitar nenhuma fora, verdade? A menos que eu esteja enganado e/ou a classificação não esteja correta. Abraço

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