13ª Paragem: Recorde Pessoal aos 5kms

Corrida do Mestre de Avis

Tempo: 00:24:30
Distância: 7.380kms
Classificação Geral: 11º Classificado
Classificação Escalão: 5º SenM

A última prova que fiz (Corrida do Bodo) surgiu no final da primeira semana de treinos após uma paragem forçada por motivos profissionais. As sensações foram boas e os treinos continuaram... Embora as semanas não estejam demasiado exigentes - só uma delas entrou para o top10 com mais quilómetros - a carga já se fazia sentir e precisava de mais um teste ao corpo para reavaliar os "estragos" que os treinos andavam a fazer. Além disso, era provavelmente a última oportunidade de me lançar em ritmos loucos de estrada antes de me virar definitivamente para o trail, para os grandes objetivos da segunda metade do ano. 

A Corrida do Mestre de Avis é uma prova de estrada que conta já com mais de trinta edições, uma prova relativamente curta mas com bastante desnível (70D+ e 150 D-) e que tem sempre o "bónus" de oferecer dinheiro aos primeiros 10 classificados, atraindo alguns dos melhores atletas nacionais. Para mim, acabava por ser uma oportunidade de competir com estes e tentar enquadrar-me no pelotão nacional, ao mesmo tempo que acabaria por avaliar a forma atual. 

Um fim de semana intenso a nível pessoal mas nulo a nível desportivo, uma segunda feira intensa e uma terça feira a retirar carga já a pensar na prova, levaram-me a apresentar na batalha com as pernas algo pesadas e o corpo adormecido! Abdiquei da regra dos dois cafés por dias e bebi um assim que acordei e um antes da prova... Aproveitei o autocarro da organização até ao local da partida e fiz quinze minutos de corrida para tentar aligeirar as pernas e segui para a linha de partida. 

4 caracóis presentes na Batalha

O sinal de partida foi dado após uma contagem decrescente de 5 até 0 e a prova inicou tal como esperado... Rapidíssima! No Bodo, se bem se recordam, tinha como objetivo seguir com a primeira senhora e logo geria a última volta... Já esta prova era demasiado curta para grandes gestões, tinha que andar sempre no máximo. Como parti na frente, acabei por não ter que andar aos empurrões tradicionais da estrada e consegui colar-me imediatamente ao primeiro grupo. A prova não levava 200mts ainda e surgiu a primeira descida da prova: não muito longa, não muito inclinada mas o suficiente para os ritmos dispararem para valores que eu nunca pensei alcançar. Estava a sentir o corpo completamente no limite mas mesmo assim ia perdendo ligeiramente para esse grupo... Olhei desesperado para o relógio para encontrar uma justificação lógica para o que estava a acontecer e encontrei mesmo! Quando vi o ritmo, o relógio marcava 2'24''/km (segundo o movescount atingi os 2'21'')! Era normal que não conseguisse acompanhar mas tentei-me manter o mais próximo possível, numa altura em que o Nélio Almeida - um velho conhecido do trail - seguia lado a lado comigo. Primeira descida despachada, chegou a altura da subida mais dura da prova! Normalmente este seria o meu terreno, ando a sentir-me muito bem a subir e sabia que poderia aproveitar mas nem assim o avanço para o primeiro grupo diminuía. Tentei manter um ritmo forte, o Nélio acabou por não seguir comigo e à medida que ia chegando ao topo da subida, ia alcançando os atletas que tinham descolado do tal grupo. Assim que a subida acaba, temos uma ligeira zona plana para logo depois iniciar a descida mais longa da prova. Mas antes de falar da descida, a zona plana... Talvez pela experiência do trail, consigo fazer bem a transição subida/plano e consegui meter logo um ritmo forte (em 300mts passei de 3'53'' para 3'15'') e quando levantei a cabeça, consegui contar todos os atletas que seguiam à minha frente! Seguiam 10 atletas em grupo e seguiam mais 4 atletas a uma distância que parecia alcançável! Aproveitei a tal mudança de ritmos que me favorecia e passei dois atletas, chegando à 13ª posição. Assim que iniciámos a descida, os ritmos de quem seguia à minha frente aumentaram e a distância estabilizou durante umas centenas de metros. Apesar do desnível até ao momento, o corpo estava a reagir muito bem e consegui aumentar ligeiramente o ritmo, voltando a aproximar-me de dois atletas e embora houvesse sempre uma tentativa por parte de quem eu passava de colar, estava a sentir-me muito bem e acabei por ficar sempre sozinho. Seguia no quarto quilómetro e estava na 11ª posição, segundo as minhas contas e o 10º lugar estava aos poucos a ganhar-me terreno  (Pedro Januário, que me tinha ganho no Tramagal). Fazemos a aproximação à Batalha e por distração de um elemento da GNR (eu não consegui ver para onde tinha virado o Pedro e não percebi que na rotunda era para seguir para baixo) acabei por me enganar ligeiramente no percurso, tendo que refazer a curva para o lado contrário. De qualquer maneira, acabei por não perder demasiado terreno, o ritmo vinha ainda bastante elevado e restava-me uma subida, uma descida equivalente à subida e o último quilómetro e meio plano. 

Passagem antes da subida final

É a partir daqui que o corpo se começa a ressentir de tudo o que vinha a fazer... Durante a subida, senti que não consegui praticar os ritmos que gosto enquanto subo, principalmente numa subida curta como aquela. Forcei ao máximo para chegar ao topo com algum avanço e fiz uma transição que ainda considerei aceitável para fazer a travessia da ponte e regressar pelo mesmo percurso. Como este era o primeiro ponto de retorno, aproveitei para contar os atletas que estavam à minha frente... Quando cheguei ao Pedro Januário, ele era o 9º!!! Aparentemente alguém da frente tinha desistido e eu encontrava-me na última posição que correspondia a 10€. O dinheiro não era o objetivo da prova mas se viesse, era bem vindo. 

Passagem na ponte, quando me apercebi que estava em 10º lugar

Fiz a descida ainda a ritmos bastantes fortes e quando o meu pai me perguntou se estava bem (ele cruzou-se comigo quando ia a iniciar a subida), só consegui abanar a cabeça negativamente. Sabia que ia praticamente no limite do elástico e ele a qualquer momento poderia partir! Passei os 6kms e ainda não ouvia ninguém atrás de mim mas perto da rotunda dos 6400mts, começo a ouvir passos a aproximarem-se... Estava decidido a não olhar para trás, tentei aumentar o ritmo mas os 3'20'' já estavam perto do meu limite! Quando entrei no últimos 600mts, o atleta que vinha atrás aproxima-se de vez e passa para a frente! Ganha-me um ligeiro avanço mas tentei até ao limite das minhas forças manter-me com ele... Um esforço que não durou mais de 100mts, acabei por perder de vez a cola e "entreguei-me"! Olhei para trás, vi que não vinha ninguém e fiz os restantes 500mts a ritmos entre os 3'30'' e 3'40'', tendo perdido 9'' na linha de meta.

A sensação que tinha dado tudo já me tinha invadido várias vezes mas esta sensação de ter levado o elástico ao limite até ao momento imediatamente antes de partir e manter ainda o ritmo durante os últimos 500mts de prova é algo que só se pode sentir na estrada! Se por um lado ficou um sentimento de prepotência por não ter conseguido manter um lugar que foi meu durante mais de metade da prova, ficou a sensação de dever cumprido, de ter feito uma ótima prova e após descarregar a prova no strava, vi que tinha batido o meu melhor tempo aos 5kms para um tempo que acaba por refletir os ritmos elevadíssimos praticados ao longo da prova (16'12''). 

Em relação à organização, os meus parabéns! Um percurso curto e duro, um leque de atletas bastante aceitável e com ofertas que suplantaram por completo os 3€ de inscrição que ainda por cima, revertiam a favor dos Bombeiros locais! Obrigado pela vossa dedicação! 

Resta agora continuar com o trabalho que tenho vindo a fazer, virar agora as baterias para o trail e tentar transportar estes bons resultados para as montanhas! 

Comentários

  1. Brutal, grande prova. Parabéns! Explica-me uma coisa, porque estás a querer reduzir os cafés?

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    Respostas
    1. Muito obrigado Filipe ;)
      Os cafés são acima de tudo uma opção estética... Acho que deixam os dentes mais amarelos e não ando sempre com uma escova atrás, então evito de beber quando não estou em casa. Além disso, durante os dias em que não bebi, senti que o corpo andava permanentemente desperto também por não ter as quebras "pós cafeína" mas admito que isso possa ser um pouco o efeito "placebo" a trabalhar. De qualquer maneira o café acaba por ser um ótimo pré treino e acabei por me voltar a render mas com cuidados, para também não exceder os 2 cafés diários sempre que possível.

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