16ª Paragem 2018: As melhores subidas!

2º Trail Rota da Truta

Tempo: 03:45:43
Distância: 36.47kms
Classificação Geral: 7º Classificado
Classificação Escalão: 5º SenM

Estamos a entrar na fase competitiva da época... Depois de uma pré época muito dedicada à estrada e de uma fase de treinos que se pode considerar boa, chegou a hora de sair do "conforto" natural da minha Serra D'Aire e percorrer outros trilhos! Se em Arga as sensações foram bastante boas durante os primeiros 20kms, em Vila Nova de Paiva o filme da corrida foi bem diferente.

Após o mês intenso de trabalho, consegui finalmente descansar nos três dias que antecederam a prova! Consegui dormir, comer convenientemente e treinar com o corpo a 100%, o que significa que a partir de meio da semana senti sempre aquela vontade de apertar mais um bocadinho mas o pensamento nos 35kms de domingo faziam abrandar. A aventura da truta começou algumas horas antes da prova... Ainda na noite de sábado, juntei-me ao Hugo e à Joana e seguimos viagem para cima. Apesar das longas horas entre Torres Novas e Vila Nova de Paiva, lá chegámos ao centro da vila onde nos esperava o Hugo Água para nos levar ao alojamento (obrigado, amigo, pela boa vontade e paciência de esperares por nós, mesmo a horas avançadas da noite). Apesar de curta foi uma boa noite de descanso e já no domingo, após os "rituais" do costume, fomos para o local de concentração dos autocarros que nos levariam para a partida da prova, o Jardim Botânico Arbutus do Demo.

Levantamento dos dorsais ainda em Vila Nova Paiva

O ambiente da partida foi melhorando gradualmente à medida que os autocarros iam chegando com atletas. Com o passar dos minutos foram chegando além de atletas, escuteiros, um grupo de música de percussão e até alguns acompanhantes da prova que deram um ótimo ambiente à partida. Além de todo este ambiente, a animação ia estando a cargo do Hugo Água e tudo junto, deu uma das melhores partidas que já presenciei fora das provas "míticas" de Portugal, tradicionalmente com muita gente a acompanhar. Um pequeno aquecimento juntamente com a Joana e o Hugo e lá fomos para o controlo 0 feito a todos os atletas antes do início da prova. A 10 segundos das 9H iniciamos a contagem decrescente até 0 e arrancámos para mais uma prova a contar para a Taça de Portugal de Trail.

Momentos antes da partida

O primeiro quilómetro da prova desenrolava-se ainda dentro do Jardim Botânico, uma pequena volta apenas para esticar o "pelotão" e saímos em direção aos portões do Jardim. O ritmo até aqui ia relativamente controlado, nada de grandes esticões mas assim que saímos os portões e viramos à esquerda para o primeiro trilho, o Romeu Gouveia, da prova dos 22kms, arranca para a frente da corrida e logo atrás dele vem um pelotão liderado pelo Hélio Fumo, da prova dos 35kms. A prova estava lançada e era hora de começar a forçar o andamento. Os primeiros trilhos eram todos corríveis, tinham uma pequena erva que impedia de ver o solo em condições (quando o pé está debilitado, repraro em tudo) mas não foi isso que impediu o ritmo. Assim que entramos no 3º quilómetro, entramos também na zona do Rio, uma zona com cerca de 3kms de distância, a saltar de pedra em pedra, subir e descer troncos e vaguear pelas margens acidentadas. Esta foi a minha pior parte da prova... Não tenho noção por quantas pessoas fui ultrapassado mas há medida que ia avançando ao longo do rio, o desespero de não conseguir correr naquele tipo de terreno ia aumentando também. Os atletas iam passando (das duas provas) e só quando terminei a zona do rio consegui voltar a correr...

Uma das últimas fases do Rio

Os ritmos voltam imediatamente a subir, apesar de estar muito atrasado em relação à luta pela prova, queria tentar chegar o mais à frente possível para ficar definitivamente fechada a qualificação para a final da Taça de Portugal. Nos metros iniciais pós rio consigo passar imediatamente alguns atletas da prova dos 22kms e só por volta do 6º quilómetro se dá a separação das provas. Um dos defeitos de ter partidas conjuntas é que quando se dá a separação, os atletas não fazem a mínima ideia de qual a sua posição. De qualquer maneira, a separação levava-nos para a subida mais difícil da prova (2.5kms com 165mts de D+) e é aqui que tenho algumas das melhores sensações da época! Faço os primeiros metros sozinho mas quando vou sensivelmente a meio da subida, vejo vários atletas que me tinham passado ao longo do rio. Passo os dois primeiros, passo o Hugo e digo-lhe para vir comigo e finalmente passo mais uma parelha que se encontrava alguns metros à frente. Assim que termina a subida, temos uma descida fácil e sinto o Hugo pouco atrás de mim. Acabo por aproveitar a embalagem da subida e imponho ritmos fortes, tinha que definitivamente ir atrás do prejuízo. A meio da descida tínhamos o abastecimento, uma tenda onde se dava a junção das duas provas (35kms e 22kms) mas opto por não parar, ainda tinha água nos flasks e o segundo abastecimento estava a menos de 10kms.


Após a descida temos nova zona subida, não tão dura mas mesmo assim continuo a apanhar atletas (a maioria seria dos 22kms, não lhes conseguia ver o dorsal). Daqui até aos 14kms a prova entrava numa toada de sobe e desce constante e o ritmo seguia alto e a recuperação, apesar de não saber em que lugar ia, parecia cada vez melhor, continuando a passar atletas até à subida dos 15kms... Até que por volta do quilómetro 16 temos uma descida em direção ao rio onde se acaba por completo o trilho! Tínhamos que passar mesmo por dentro de água e depois fazer a travessia do curso de água a saltar pedras tal como nos primeiros quilómetros da prova! Imediatamente após a travessia do rio, iniciamos uma série de dois quilómetros de trilhos muito semelhantes à zona entre os 3 e os 6. A zona era mais curta e menos técnica mas mesmo assim fez com que parte do trabalho de recuperação feito até ali se perdesse... Na prática perdi 4 lugares da classificação geral, entre os quais o Hugo que estava a fazer as partes técnicas mais rápido que eu! Ainda assim, o atraso com que fiquei foi bastante diminuto e na subida que se seguia a esta fase do rio, tinha os 3 elementos em linha de vista e o outro estava ainda comigo.

Saída da segunda zona técnica

A subida seguinte era mesmo ao meu jeito! Longa, inclinada mas que permitia correr e sempre com atletas à minha frente... Iniciei a subida e fiquei imediatamente sozinho, o facto de estar a fazer a subida a correr fez com que deixasse o atleta que vinha comigo para trás e consegui aproximar-me bastante de outro atleta. Quando a subida entrava numa toada menos inclinada, passei-o e fiquei sozinho mas acabei por perder o Hugo e os restantes atletas na descida que se seguiu. A partir daqui foi sempre a tentar recuperar o tempo perdido e só na subida antes do terceiro abastecimento (tínhamos um ponto de água na subida em que voltei a apanhar o grupo que estava à minha frente) é que consegui voltar a ver esse grupo. Foi já perto do final da subida, onde se encontrava o terceiro abastecimento que "larguei" um dos atletas que me tinha fugido na descida e estava a sair do abastecimento um outro que não fazia parte do grupo que pensava seguir à minha frente... Aproveitei para encher os flasks (já tinha enchido um por volta dos 14kms, num ponto de água no topo de uma subida), comer qualquer coisa e quando arranco, vem o atleta que seguia imediatamente atrás de mim mas como também parou no abastecimento, acabei por nunca mais o ver.

Final de uma das subidas

Na fase que se seguia a esta subida tínhamos nova subida ligeira mas que serviu para encurtar ainda mais as distâncias. Durante a descida que se seguiu os ritmos voltaram a estar abaixo dos 4'/km, estava a ficar motivado por voltar a apanhar estes atletas e como o gráfico parecia ter um final sempre a subir, imaginei que já não existissem muito mais zonas de rio. Foi já durante a subida seguinte a esse abastecimento que passei dois atletas que curiosamente não iam no grupo à minha frente! Um era o tal que tinha visto no abastecimento e o outro era o Bruno Pereira que já não via deste os quilómetros iniciais, antes do rio. A prova estava novamente a correr de feição, estava a impor um ritmo bastante forte sabendo que poderia não aguentar até ao fim mas tinha que arriscar... Sabia que o grupo à minha frente não poderia ir muito longe e queria ir atrás deles! Foi já metros antes do último abastecimento que apanhei os dois atletas do runners do Demo que seguiam à minha frente, estes já do tal grupo. Umas das ultrapassagens foi feita antes do abastecimento e a outra foi feita no próprio abastecimento uma vez que voltei a não parar, acabando logo por ganhar alguma margem. Ainda assim, o atleta que estava no abastecimento ainda conseguiu voltar a colar e só numa subida consegui descolar e ficar sozinho. Pouco depois apanho o Hugo, ele também estava a manter um ritmo forte e aproveitámos os dois a companhia um do outro para andar o mais forte possível! À medida que íamos progredindo ia olhando para trás para me certificar que o ritmo que impúnhamos era suficiente para não voltarmos a ser ultrapassados! Mais uma vez não tinha noção do lugar a que seguíamos mas tinha noção que estaríamos dentro do top 10 e o próprio Hugo parecia-lhe ter ouvido isso de alguém que estava a assistir.

Ao longo dos 6kms finais, tinha noção que estávamos a andar muito bem e que estaríamos a recuperar terreno para os lugares da frente... Cheguei a comentar com o Hugo que a continuarmos assim possivelmente ainda os apanharíamos mas à medida que contornávamos Vila Nova de Paiva, percebemos que não tínhamos ninguém em linha de vista que pudéssemos ainda apanhar. Chegados à meta, o Hugo Água diz-nos que ficamos na sexta e sétima posições, o que tendo em conta a parte que passei mal do rio, acabava por não ser mau de todo.

A nível de desempenho pessoal, o que fica de melhor desta prova foram mesmo as sensações a subir! Em quase todas as subidas que fiz consegui recuperar pelo menos uma posição e mesmo quando isso não aconteceu pelo estado avançado da prova, nunca fui ultrapassado, nem nenhum atleta se aproximou. Agora resta trabalhar para que passe melhor nas partes mais técnicas como margens de rio, reforçar a estrutura do pé para que volte a ganhar mais confiança e continuar a trabalhar rumo ao grande objetivo do segundo semestre de 2018.

A organização esteve a bom nível, conseguindo construir um percurso bastante diversificado, criando um ótimo ambiente de partida e com um bom ambiente na chegada. Os abastecimentos estavam bastante bons, não senti falta de nada mesmo não tendo lá os "meus" abastecimentos com o meu pai. Também os prémios estavam bastante bons, com a preocupação da organização em encontrar alguns "valores" além da "truta". Muitos parabéns!

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

10ª Paragem 2023/2024: Primeira vitória numa ultra, Primeiro controlo Anti Doping no Trail

9ª Paragem 2023/2024: Ultra, porra!

4ª Paragem 2023/2024: Com um brilhozinho nos olhos!