17ª Paragem 2018: Vitória!

II Trail dos Chícharos - Alvaiázere

Tempo: 02:31:04
Distância: 28.84kms
Classificação Geral: 1º Classificado
Classificação Escalão: 1º SenM

Terceiro fim de semana, terceira prova; As condições encontradas em cada uma delas foram completamente distintas e também a forma como as abordei se foi alterando. A verdade é que chegava a este último fim de semana com a certeza que o trabalho estava a ser bem feito, que as sensações eram cada vez melhores (e fui falando disso nas redes sociais) e que a vontade de aparecer bem era maior que nunca!

A semana que se seguiu ao Trail da Rota da Truta foi passado maioritariamente a tentar recuperar dos dois últimos empenos e na quarta, até a saúde ajudou a retardar essa recuperação! Sem baixar os braços, foi atacar a constipação que tinha vindo forte e na quinta começar a preparar o Ultra Trail do Zêzere. O intuito da semana era meter quilómetros já a pensar no dia 10 de Novembro, aproveitando a prova do último dia para fazer o verdadeiro teste à máquina. As coisas foram correndo bem, as sensações foram melhorando continuamente e no sábado o corpo deu sinal positivo para o plano de domingo.

Caracóis presentes no Trail Longo

Na manhã da prova, juntei-me à grande comitiva de caracóis e seguimos para Alvaiázere. Como já chegámos com algum atraso não planeado ao local, fomos imediatamente em direção aos dorsais e o cenário encontrado não era muito animador, uma fila relativamente grande e que estava a custar a diminuir... Pouco tempo depois, o Pedro Mendes (organizador da prova), criou uma fila só para o pessoal do treino longo e as coisas fluíram imediatamente. Fomos para os carros tratar dos últimos pormenores do equipamento... Flasks cheios, dorsal colocado no porta dorsais, colete vestido, estava pronto para a partida! Uma pequena volta ao estádio, realizámos o controlo 0 e poucos minutos depois das 9h, após contagem decrescente de 10 a 0, iniciámos a segunda edição do Trail dos Chícharos.

Partida da prova no Estádio de Alvaiázere

A prova iniciava-se com 2 quilómetros praticamente planos em direção à Serra de Alvaiázere e foi logo aqui que as primeiras diferenças começaram a ser impostas... O Luís Alexandre assumiu o ritmo da prova a partir dos 500mts e eu segui logo atrás, formando o primeiro duo da prova! Cerca de 100mts atrás de nós, seguia o Virgílio (companheiro de várias provas do Campeonato ao longo do ano) com dois atletas, formando assim o grupo "perseguidor". A partir do momento em que virávamos à direita para o primeiro trilho da prova, o desnível começa a aparecer e acabo por assumir eu o ritmo da prova... Inicialmente ganhei algum avanço para o Luís, tendo chegado ao topo da escadaria dos 2kms "isolado" na frente da prova! Seguia-se uma pequena descida à direita da escadaria, umas centenas de metros por um estradão que atravessava a serra de um lado ao outro e virávamos à esquerda para a verdadeira subida! Esta subida desenrolava-se também na diagonal, de um lado ao outro da enconsta da serra virada para a partida e embora não fosse extremamente dura (só no final se complicou) a nível de desnível, a nível técnico (quase sempre fora de trilho) e de seguimento de fitas (como não havia trilho, tinha que parar para ver para onde seguia o percurso), tornou-se bastante complicada, tendo o Luís recolado a meio da subida e seguimos juntos até ao final.

Final da primeira subida da prova

Assim que a subida terminava, percorríamos cerca de 400mts por cima de pedras e vegetação, sem trilho definido. Embora não sentisse mazelas praticamente nenhumas no pé, não gosto de arriscar demasiado nestas zonas da prova e o Luís acabou por me ganhar alguns metros. Assim que o trilho volta a estar definido, sigo na perseguição ao primeiro lugar e tento impor o ritmo mais forte que conseguia na descida que nos levava até ao primeiro abastecimento. Como levava flask não senti necessidade de parar e segui imediatamente caminho por um estradão perfeito para rolar e que dentro dos seus altos e baixos, me foi permitindo seguir na perseguição ao Luís. Atravessámos o alcatrão e seguimos em direção à segunda subida da prova... Uma subida novamente a atravessar uma encosta na diagonal e que por ter um trilho definido, permitia correr a um ritmo forte, para quem tivesse pernas. Várias vezes olhei para o relógio, seguia sempre entre os 6'/km e os 6'30"/km, não metendo a passo, permitindo correr forte assim que a subida terminava... E foi mesmo isso que aconteceu! Após a segunda subida, seguíamos por uma descida em estradão onde os ritmos voltaram abaixo dos 4'/km em alguns troços e que só devido a uma viragem à esquerda para um caminho de pedras soltas, fez quebrar ligeiramente o andamento. O terreno irregular prolongou-se por um pequeno período e rapidamente chegamos ao alcatrão... Voltamos a ritmo de prova de estrada e fazemos um estradão onde tentava ao máximo recuperar a liderança da prova... Os ritmos tinham que estar altíssimos, estava a andar muito forte e não conseguia alcançar a frente da prova! Nova curva à esquerda no estradão e iniciamos a terceira subida da prova! A menos inclinada até ao momento mas bastante longa... O início da subida foi algo lento, a transição ritmo rápido/subida não foi a ideal mas a partir de meio da subida, fui conseguindo voltar ao ritmo normal e após dois quilómetros de subida constante, chego novamente ao local do primeiro abastecimento, tal como previsto. Embora o abastecimento estivesse vazio (colocaram, e muito bem, mesas para o pessoal do longo poder abastecer sem a presença "massiva" do pessoal do curto), ainda levava água nos flasks e não precisei de parar.

A partir deste abastecimento iniciava-se a descida mais longa da prova... Eram 4 quilómetros em descida constante, com ritmos permanentemente abaixo dos 4'/km! Por várias vezes "temi" pelo meu pé, tinha que andar a saltar para não pisar pedras soltas mas não podia facilitar na "busca" pelo primeiro lugar! No final da descida tínhamos nova cortada à esquerda e iniciávamos a subida mais curta da prova mas também uma das mais complicadas, uma vez que vínhamos de uma descida tão longa com ritmos tão altos. Fiz novamente a subida em crescendo e quando cheguei ao final, onde estava situado o terceiro abastecimento, seguia novamente a bom ritmo! Voltei a não parar, o atraso que levava e a água que ainda tinha faziam com que não quisesse facilitar e arranquei imediatamente para a descida que nos levava para fora da aldeia onde se localizava o abastecimento e que seguia durante cerca de um quilómetro por caminho de asfalto. A Serra de Alvaiázere ficava à nossa direita e ainda tínhamos que passar para o lado de lá... No final do tal quilómetro em asfalto, viramos para a direita e entramos numa linha de água, que devido ao verão intenso deste ano se encontrava seca, mas que tinha muitas pedras e rochas (de maiores dimensões), que nem sempre permitiam correr! Ainda assim, tentava correr sempre que o terreno o permitia e no final de 1600mts de "rio" e 17 minutos, lá saí do trilho e voltei a correr... Os primeiros metros foram algo complicados, o levantar das pernas para ultrapassar as zonas rochosas tinha deixado marcas e não foi fácil voltar a correr, principalmente porque assim que saíamos do trilho do rio, iniciávamos nova subida, aquela que imaginava ser a última! Fui forçando o ritmo e cheguei ao topo da subida a faltarem cerca de 4kms de prova, maioritariamente a descer e pronto para o último fôlego na tentativa de chegar à liderança da prova... Já desde os 15kms, altura em que voltei a passar no primeiro abastecimento com ótimas sensações, que me tinha decidido a dar "um pouco mais que o máximo" e nestes últimos quilómetros de prova tinha que levar essa intenção ao expoente máximo! 

Arraquei por volta dos 3'30/km e só nas subidas este descia para valores inferiores aos 4'/km. Ia ouvindo o som da meta cada vez mais próximo, percebi que estava a contornar a aldeia em direção ao estádio e quando viramos à direita em direção ao circuito de manutenção e apanho a última subida, percebo que o mais certo é estar demasiado próximo da meta para ainda conseguir chegar ao primeiro lugar... Passados nem 300mts passamos por uma zona de bosque onde estava uma família a almoçar e pela reação da senhora, parecia que era a primeira pessoa a passar ali! Achei estranho mas mantive o ritmo que trazia, tinha que dar tudo por tudo até ao último metro! Sigo caminho pelo circuito de manutenção e vi um senhor na descida que seguia pela estrada do circuito e fui atrás dele... Faço 100mts e não vejo fitas, ando durante 50mts à procura de uma fita até que cheguei a um cruzamento e não via fita nenhuma! Não podia ser por ali! Volto imediatamente para trás e assim que chego ao circuito de manutenção vejo fitas numa cortada à esquerda que não reparei por ter seguido o senhor... Sigo imediatamente caminho e nem 50mts depois vejo o meu pai! Pergunto-lhe pelo atraso e o meu pai diz que sou o primeiro a passar! Inicialmente nem percebi muito bem, ia completamente focado em fazer um final forte e também não foi por isso que o foco se desviou... Sigo pela descida que dava acesso ao estádio, contorno o estádio e oiço as pessoas a dizerem que sou o primeiro! Estava mesmo consumado... Não sabia bem onde mas algures no percurso tinha passado para primeiro lugar! Faço o final ainda mais forte e corto a linha de meta com a mais pura sensação de dever cumprido! Fiz uma prova muito, muito forte, sempre com ótimas sensações e com capacidade de meter ritmos altos, quer a direito, quer a subir (prova disso são os 5'15''/km de média da prova em 29kms com 1035mts de D+) e no único ponto em que me enganei, perdi 400mts (ida e volta), tendo logo voltado para trás!

Uma foto que me diz muito! Explico porquê no Instagram (@tmggodinho)

A nível pessoal esta prova deixa-me mesmo muito satisfeito! Tinha plena noção do crescendo de forma nestas últimas semanas, do trabalho que estou a realizar em direção ao Zêzere e sentia que estava mesmo a precisar desta motivação para continuar o trabalho árduo em direção ao objetivo! Agora há que trabalhar o mais forte possível nestas últimas semanas e aguardar calmamente pelo dia.

O pódio que faltava falar: 1º Lugar coletivo do Caracol Trail Team! Parabéns a todos! 

Em relação à organização, muita coisa boa para dizer: um percurso maravilhoso, com paisagens lindas, com diversidade do percurso, abastecimentos em boa quantidade, um abastecimento final espetacular e os prémios para os vencedores da geral muito bons também (uma camisola berg para treinar e uma inscrição no Trail da Ladeia). Há algumas coisas a melhorar como as marcações do percurso, para não obrigar a levantar a cabeça e a parar para ver a próxima fita, assim como fitas a cortar a estrada em todas as mudanças de direção - só havia em algumas) e também um secretariado um pouco mais célere. Mas é a errar que vamos aprendendo e só posso recomendar esta prova! Muitos parabéns Pedro e restante equipa! 

3 prémios da prova (2 troféus e camisola)... Falta a inscrição

Comentários

  1. Muito bem mesmo! Muitos parabéns e força para os próximos desafios.

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  2. Muito bom, essas subidas parecem-me interessantes! Nunca tinha ouvido falar dessa prova. Epah e essa sensação de acabar uma subida a dar tudo e ter pernas para meter ritmo na descida é impagável :) Estás afinadinho!

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    1. São subidas muito parecidas ao que tenho na minha Serra D'Aire... Também são serras vizinhas, é normal ;)
      Em relação às sensações... Estão cada vez melhores :)
      Venha o Zêzere!

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  3. Grande Vitória!! Muito muito merecido pelo esforço que fazes mesmo estando com limitações ou simplesmente enganares-te numa fita! Nunca desistir são as palavras que te define! Mais uma vez parabéns pela Vitória! 💪🏽

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    1. Muito obrigado Diogo! Infelizmente já desisti e não gosto nada quando acontece! Agora vamos com tudo que o zêzere está mesmo aí ;)

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