17ª Paragem 2016: De trás para a frente
Trail do Sôr
Distância: 29.96kms
Tempo: 02:34:32
Classificação Geral: 4° Classificado
Classificação Escalão: 3° Classificado SenM
Não há maneira de o negar... Uma vitória dá uma moral enorme! De repente, o corpo está mais predisposto a treinar forte, a levantar cedo para poder treinar duas vezes, a abdicar de muita coisa só para poder estar a 100% para a próxima prova!
Foi com este pensamento que abordei os últimos quinze dias antes do trail do Sôr... Corri, nadei, treinei muito! Sabia que dificilmente voltaria a ter um resultado tão bom como em Óbidos, mas ninguém me ia impedir de treinar para tal! Os últimos dias antes da prova foram praticamente perfeitos... Descanso, comer bem e hidratar bem, e era assim que iria para Ponte de Sôr no domingo!
À chegada ao local de partida vi os campeões que iriam lutar pelo Campeonato Nacional de Trail, por equipas: o Clube de Atletismo de Ferreira do Zêzere e o Atletismo Clube de Portalegre. Avizinhava-se uma luta acérrima entre eles e eu queria estar lá na frente para ver como se desenrolava a prova... Fui equipar, dar uma volta de aquecimento e seguir para a partida! Às 9h em ponto foi dada a partida e saímos para 30kms pelas terras alentejanas! A temperatura ainda não estava "crítica", o meu pulso estava a 29° (segundo o relógio) e ainda não sentíamos o "sufoco" do calor!
Equipa pronta para atacar o Trail do Sor |
O ritmo inicial não foi tão rápido como em algumas provas, fizemos mais de um quilómetro num grupo relativamente grande até começar a aparecer o desnível... Apesar de não ser muito longo, o desnível mostrava-se muito acentuado e rapidamente passamos a um grupo mais reduzido (Fernando Gomes e Tiago Lousa de Ferreira do Zêzere, Luís Semedo e Vitor Cordeiro de Portalegre, um Espanhol que não conhecia que se chama José Garcia e eu). Os primeiros 4 quilómetros não tinham desnível exagerado, um sobe e desce soft que permitia meter ritmos fortes e onde fui acompanhando o grupo... Ao 4° quilómetro, numa descida mais técnica, não consegui acompanhar os da frente, tendo ficado isolado no 6° lugar!
Do 4° ao 9° quilómetro a prova foi-se desenrolando da mesma maneira, os desníveis continuavam acentuados e algo técnicos e apareciam com muita frequência... O esforço para manter ritmos altos era maior e consequentemente ia vendo o espanhol (entretanto já tinha descolado dos 4 da frente) cada vez mais longe! Aquela alternância toda de desníveis estava a deixar-me moído e a deixar-me "farto" do percurso, acabava por não conseguir correr, como tanto gosto... Aos 9kms, após passarmos por uma 2ª ponte (onde não estava o fotógrafo), as fitas indicavam claramente que o caminho era para a esquerda mas sinceramente nem reparei nas fitas, segui no caminho que ia a subir (20mts)! Assim que cheguei ao cimo da subida, vi que não havia fitas e percebi que estava enganado (o percurso estava exemplarmente bem marcado) e voltei para trás para tomar o caminho correto!
Passagem pela primeira ponte |
Após a passagem da ponte seguimos por um percurso perto da linha de água, com menos desnível e que permitia rolar com mais facilidade... Tentei pôr ritmos abaixo de 5min/km, meter ritmos fortes e confortáveis, dentro do possível e ao mesmo tempo recuperar animicamente para os restantes 20 quilómetros! Felizmente que o corpo reagiu bem e o desnível encontrado até ao momento não tinha deixado demasiada moça! O troço que se seguia, até cerca dos 12 quilómetros tinha mais subida que descida... Aproveitei o lanço que trazia do quilómetro junto à linha de água e tentei fazer tudo a correr! Embora os desníveis nem sempre permitissem estava a sentir-me bem e o facto do 7º atleta se estar a chegar a mim (estava num ritmo muito forte) serviu também de motivação para tentar meter a "mudança abaixo"! À chegada ao segundo abastecimento, após uma enorme descida, aproveitei para encher o flask e pouco mais, o 7º atleta estava logo atrás e tinha que sair o mais rápido possível...
Após o abastecimento, voltámos ao desnível, uma subida de 350 metros com 35 metros de denível positivo permitiram-me aumentar novamente a distância para o 7º e estava a sentir o corpo muito bem... Os desníveis que inicialmente pareciam muito inclinados eram neste momento abordados como subidas para fazer tudo a correr, e foi assim que me fui afastando do 7º lugar e começei a ver o espanhol! Primeiro via-o ao longe, nas zonas mais planas, depois a seguir a cada subida estava um pouco mais perto e por volta do quilómetro 16, após uma passagem por um túnel com água, consegui mesmo colar e meti a passo atrás dele... Como me estava a sentir bem, aproveitei e voltei a correr, consegui ganhar um espaço que foi curto durante cerca de um quilómetro, mas quando voltei a olhar para trás, já não o via! Estava no 5º lugar, o 4º senior masculino e tinha que me manter por lá...
A prova estava a começar a correr de feição e quando cheguei ao abastecimento dos 18 quilómetros e até pizza havia disse a quem estava no abastecimento, a brincar claro, que assim estavam a dificultar a vida aos atletas, a escolha era demasiada... Aproveitei para comer um bocado de melancia e encher o flask! A prova estava a ficar mais quente, segundo o relógio nesta altura a temperatura do meu pulso subiu de 30º para 32.5º; Abri a camisola WAA (um dos grandes benefícios de usar esta camisola) para entrar mais fresco e segui! Foi a partir deste abastecimento que a prova entrou numa toada diferente... Foram cerca de 4 quilómetros com muito pouco desnível, se bem que quase sempre ligeiramente positivo! Aproveitei para meter ritmos um pouco mais fortes, saí do abastecimento a 4'20''/quilómetro mas fui quebrando até atingir os 4'35''/quilómetro! Achei que não fosse muito rápido, lembrava-me de Óbidos ter andado a ritmos mais ráidos, o que não me lembrei é que com aquele calor os ritmos são completamente diferentes! Ia olhando para trás e ninguém se aproximava... Aos 22 quilómetros este terreno plano é substituído por uma grande descida com aproximadamente 1000 metros e que tinha o seu fim marcado por um pórtico do Mundo da Corrida para fazer o controlo dos atletas! Junto a ele estava um elemento com água, aproveitei para meter água no flask para aguentar até ao próximo abastecimento que seria ao quilómetro 24!
Passagem de mais uma ponte, algumas centenas de metros antes do último abastecimento |
A ligação entre a descida que referi anteriormente e o abastecimento era feita por um caminho essencialmente a direito, permitindo meter novamente ritmos mais altos. No abastecimento aproveitei e tomei um pouco de sal com água, a temperatura estava cada vez mais a "sufocar" e tinha que prevenir uma possível falha do corpo... Abri mais a camisola e fui em direção ao último troço de 6 quilómetros da prova! Este troço era marcado por três subidas longas e constantes, muito diferentes das anteriores... A primeira foi feita meio a correr e meio a andar, dada a inclinação final até um poste que marcava o ponto mais alto do monte! Voltávamos à direita, descíamos o monte e estávamos novamente num estradão... Continuava a olhar para trás e não via ninguém, o 5º lugar parecia seguro, até porque eu me estava a sentir muito bem. Quando cheguei ao início da segunda subida, tento ver o fim desta e a meio da subida vejo o Gomes de Ferreira do Zêzere! Não tinha noção que a recuperação estava a ser tão boa... Quando me chego perto do Gomes, perguntei se estava tudo bem... Ele disse que sim, para eu seguir que ele já seguia quando se sentisse melhor! Assim o fiz, segui a minha prova e neste momento já estava em 4º da geral e 3º Senior... Estava neste momento no meu 3º pódio consecutivo da ATRP (Poldras foi o primeiro com um 3º Senior, depois Óbidos com primeiro na geral) e tinha que dar tudo por tudo nos últimos quilómetros! A última subida marcava o ponto de junção com a prova curta e a motivação era tanta que fiz tudo a correr... Quando cheguei ao topo começo a ouvir o barulho da chegada! Uma descida e já estávamos do lado contrário do rio em relação à chegada! A aproximação à meta fazia-se através da travessia de uma ponte, uns metros ao lado do rio e finalmente atravessávamos a meta!
Passagem do pórtico da meta |
Depois das menos boas sensações do início da prova, este resultado acabou por ser muito bom e demonstrou que desde que se trabalhe, os frutos vão se colhendo! Agora é continuar a trabalhar para ver o que dá para fazer na última prova do Campeonato, o Trail de Ferreira do Zêzere!
Os três primeiros e eu |
Em relação à organização, queria deixar os meus sinceros parabéns, estiveram muito bem! Como já referi no texto, marcações excelentes, abastecimentos com muita diversidade de comida e mais importante ainda... Pessoas muito simpáticas e prestáveis a auxiliar os atletas! No final, a entrega de prémios atrasou-se um pouco mas como costumo dizer, não é um erro mínimo que vai manchar uma organização tão boa! Muitos parabéns!
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