18ª Paragem 2017: Pedras no caminho? Guardo-as todas! Um dia vou construir um castelo
Hard Trail Montejunto
Tempo: 02:19:28
Distância: 16.2kms
Classifĩcação Geral: DNF
Classificação Escaĺão: DNF
Já passou uma semana e meia desde o Hard Trail Montejunto e o "espaço temporal" que gosto de respeitar para fazer o post sobre uma prova já passou. Ainda assim devo à organização desta prova e à própria serra de Montejunto fazer o resumo da mesma, ou pelo menos, o resumo da parte que consegui completar... Mas já lá vamos!
A semana anterior à prova não tinha sido propriamente perfeita, não consegui cumprir os treinos todos que estavam previstos e o próprio "stress" da semana não permitiu seguir à risca o que estava planeado! De qualquer das maneiras quando chegou o dia de sábado e me juntei ao resto da equipa para ir para Montejunto sentia-me bem e com esperanças de fazer uma boa prova, até porque tinha sido naquele local que consegui obter a minha segunda vitória, no Trail de Montejunto (24/04/2016)! Embora as provas fossem no mesmo local tinha a perfeita noção de que as características de cada uma seriam completamente distintas... Enquanto que o Trail privilegiou os trilhos mais abertos, com facilidade de passagem pelos atletas, o Hard Trail prometia passagem por zonas mais técnicas e com desnível mais acentuado, até porque era campeonato nacional de Skyrunning.
Como disse antes, apesar da prova ser no domingo, segui logo com grande parte da equipa no sábado... A prova começava muito cedo (6h) e a organização disponibilizou o parque de campismo para os atletas pernoitarem. Tentámos não chegar muito tarde e antes do jantar já estávamos a montar o "acampamento do caracol".
Bandeira do caracol a marcar o nosso acampamento (Câmara: Firefly 7s) |
Após a foto anterior era hora de ir jantar e dar uma volta pela zona antes de ir dormir... Ainda me lembrava bem do local, acho que era capaz de fazer quase todo o percurso de novo mas seguimos para uma zona onde a prova não tinha passado e mais uma vez deu bem para perceber a beleza desta serra! Não é que o ponto mais alto tenha muita altitude mas como a serra é extensa e tem muitos caminhos de acesso, dá para ter vários locais "mágicos" para observar.
Ótima vista do ponto mais alto da serra, para onde o Hugo está a apontar (Câmara: Firefly 7s) |
Depois do passeio lá fomos nós para as nossas "mansões" descansar e aguardar pelas 6h do dia seguinte para podermos lançar-nos a esta serra magnífica. Às 4h30' começou a haver ruído no parque, era hora de tomar o pequeno almoço e começavam a ver-se os atletas a sair lentamente da tenda e a começarem os seus rituais pré prova. A restante caracolada ia chegando e quando estava tudo pronto, seguimos para a linha de partida que era logo à saída do parque. Controlo 0 da prova, ouvir umas palavras do Paulo Miranda e preparar para a partida.
Equipa "alinhada" após controlo 0 (Foto: Rui Loureiro Marques) |
Assim que se deu a partida, após contagem decrescente, os mais novos abútricos lançaram-se para a frente da prova... Eu e o Pedro acabámos por meter o nosso ritmo e após uma ligeira inclinação fomos chegando à frente, só faltando passar o Jorge Soares (um jovem abutre, filho do António Soares) que acabou por entrar no primeiro single track da prova na frente de todo o pelotão. O single track tinha alguns saltos mas não era demasiado técnico... O ritmo não ia propriamente baixo portanto acabámos por seguir todos juntos até ao estradão que marcava a parte final da descida! Foi entre o estradão e a primeira subida que a prova começou a ser lançada! No início da subida da prova já estavam dois grupos formados... Não me vou pôr a dizer nomes porque provavelmente ia-me esquecer de alguém! Eu acabei por ficar ligeiramente para trás do segundo grupo, os desníveis eram muito acentuados e não estava confortável para ir com os grupos da frente. Apesar desta distância fui sempre com contacto visual e isso ia dando algum alento. A seguir começou o meu tormento desta prova... Se o desnível era muito acentuado a subir, não era menos a descer e a segunda descida era bem sinal disso!
Início da segunda descida com desnível negativo bem acentuado (Foto: Nuno M Neves) |
Fui descendo conforme podia e quando ia a meio da descida, já tinha sido ultrapassado por três atletas. Mantive ao máximo o meu ritmo para na subida seguinte tentar recuperar o que perdi, e assim aconteceu. Apesar de não conseguir subir a correr (as subidas eram mesmo muito inclinadas), o ritmo da passada era alto e ia diminuindo as distâncias até aos da frente. Foi assim que apanhei o Nuno Torres no topo da segunda subida onde à direita víamos as antenas que marcavam o final da terceira subida... Só havia um caminho, para a esquerda e para baixo! Esta era a descida menos técnica e ainda por cima já a tinha feito no sentido inverso em 2016... Deixei o corpo ir, sem arriscar demasiado e acabei por perder só duas posições (sem contar com o Nuno que arrancou logo no início da descida, não perdendo mais de 100 metros para o tal duo. O perfil da prova mostrava que iríamos ter muito pouco plano e este foi mais um ponto em que isso se verificou... Terminámos a descida e iniciámos logo a 3ª subida, a mais longa e com mais desnível positivo! O início era duríssimo, um amontoado de pedras que íamos saltitando e onde vi o Hugo Neves, que estava a participar na prova pequena e estava a aproximar-se... Como as descidas não estavam propriamente a correr bem, aproveitei para ir com ele durante um bom bocado, tentar fazer uma espécie de "rampas" dentro da prova e a ideia estava a correr lindamente! Fomos ganhando metros e no segundo terço da subida apanho o Luís Semedo, que tinha vindo de uma prova na noite anterior, e contínuo a bom ritmo. O Hugo acaba por seguir ainda mais rápido, ele estava mesmo a acabar a prova e estava a dar o "sprint final" e eu mantive o ritmo. Estava lançada a prova para mim, voltei a sentir-me muito bem e queria aproveitar que o corpo estava com força. No topo vejo a minha irmã a perguntar como estava e um bocadinho mais acima os meus pais... Digo a ambos que embora a prova fosse muito dura (1090mts D+ em 15.20kms) estava a sentir-me bem.
Chegada ao ponto mais alto da prova (Foto: Rui Loureiro Marques) |
Chegando ao ponto mais alto iniciávamos a descida para o parque de campismo, local da partida. Quem ia para os 31kms, abastecia e seguia, quem estava nos 16kms, cortava a meta nesse preciso local... Esta era a descida mais técnica, o início era feito por cima de pedras, onde não havia qualquer caminho e depois entrávamos num trilho ao lado de um muro de pedra! O início foi muito lento, fui logo passado por um atleta e depois tentei aumentar ligeiramente a velocidade, mas mesmo muito ligeiramente! Quando já vou a meio da descida, num "degrau" com uma altura que obrigava a saltar, dou o pulo, aterro e imediatamente sinto o pé a torcer! Não sei se a entorse foi após apoiar uma parte do pé ou se foi imediata, sei que senti o pé a ceder e o mecanismo de "pânico" que temos no corpo a entrar em ação: todos os pensamentos que tive em Dezembro voltaram logo à cabeça, pensei em todos os planos que iam por água abaixo e em todas as pessoas que "desiludia" por não conseguir acabar esta e outras provas... Tentei dar uns passos para a frente, a andar conseguia mal, a correr era completamente impossível, a minha prova tinha acabado ali! Como não estava mal ao ponto de não conseguir andar, tentei ir andando devagar até ao final, pelo menos completava o percurso da pequena e foi assim que fiz, com o apoio da minha mãe nos últimos metros.
O título do post não marca o estado de espírito do dia seguinte à prova... O pânico do dia da prova que se foi esfumando após ser socorrido por uma senhora da cruz vermelha transformou-se em desespero na segunda feira quando não conseguia andar sem coxear! De qualquer maneira, motivos profissionais obrigavam-me a viajar ainda na segunda e só voltei no sábado, e nesse intervalo pouco treinei. Já regressei aos treinos no domingo e consigo correr praticamente sem dor... Vou voltar a ser acompanhado por um fisioterapeuta para que a recuperação seja o mais completa possível! Obrigado a todos os atletas que se preocuparam no próprio dia da prova e nos dias seguintes, assim como a toda a gente que deu dicas muito úteis para o meu futuro, foram enormes!!!
Por fim gostava só de dar os parabéns ao Pedro Ribeiro! Numa prova muito complicada com atletas que já ganharam provas do campeonato nacional de ultra trail conseguiu uma enorme vitória, muitos parabéns! Parabéns também à restante caracolada pelos resultado e um obrigado especial pela preocupação e pelo apoio que foram dando ao longo dos dias, este é um dos motivos que me faz ter um orgulho enorme nesta família!
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