22ª Paragem de 2017: 24H Portugal, uma nova experiência!

24H Portugal

Caracol Trail Team 3
Tempo: 24:00:40
Distância: 330.15kms
Classificação Geral: 1º Classificado


Esta para mim foi a foto do evento! A família Caracol Trail Team esteve representada em grande número na 24H... Muitos parabéns a todos!!!!
Em 2016 acompanhei esta prova de fora... Além do meu pai que foi o grande vencedor dessa edição, tivemos também uma equipa que através de uma recuperação espetacular conseguiu atingir o primeiro lugar nas estafetas, elevando assim o nome do Caracol Trail Team ao lugar mais alto do pódio duas vezes na mesma edição!
A emoção de quem acompanhava por fora era enorme, os telefonemas eram constantes e mesmo estando a 200kms de distância ia fazendo as contas para ver se estavam a recuperar ou a ganhar tempo e se a vitória era mesmo possível! Com tanta emoção via telemóvel, ficou a promessa de em 2017 tentar marcar presença nesta prova e ver os resultados que se conseguiria obter. Aqui fica o resumo em vídeo da edição deste ano, que se encontra no meu canal do youtube:



Tal como eu fiquei colado ao ecrã para acompanhar a prova, mais caracóis também iam acompanhando garantindo que iam marcar presença no ano seguinte... A verdade é que na linha de partida apresentámos 5 estafetas para as 24h e dois elementos individuais, sem esquecer a enorme equipa de apoio que marcou presença! Resumindo, quando assentámos arraiais, tínhamos uma autêntica aldeia montada, com mais de 40 pessoas a "viverem" no seu interior.

"Edificação" da aldeia Caracol
O espírito era de festa... Dois toldos indicavam onde estava a comida, as tendas circundavam a aldeia e no meio estava o local de repouso dos atletas! Para culminar, o local do grelhador tinha vista privilegiada sobre a parte final do percurso, soando o "badalo" de cada vez que algum caracol ia a passar! O ambiente era de verdadeira festa, todos os caracóis estavam com a motivação em alta para o que as próximas 24h nos iriam proporcionar e quando faltava menos de 1h, os primeiros elementos das estafetas e os três elementos individuais (o meu pai, devido a lesão, completou muito poucos quilómetros, mas participou na partida da prova e na chegada da equipa), começaram a preparar-se para as primeiras voltas ao circuito.

Primeiros elementos das estafetas e individuais antes de seguirem para a linha de partida (faltava o meu pai e uma das estafetas)

Últimos desejos de boa sorte, colocação estratégica para fazer o live no instagram da partida e após contagem decrescente, iniciam as 24h de competição! Decido ficar na partida para ver o desenvolvimento da primeira volta... O Crispim estava muito consciente daquilo que tinha que fazer e a primeira ronda foi exatamente como planeada, entregando-me o chip com cerca de 55'! A equipa que no ano anterior tinha ficado na segunda posição tinha feito as primeiras voltas mais rápidas e na altura da nossa passagem estava com algum tempo de avanço mas numa prova de 24h há muito tempo para fazer diferenças nas classificações. 

A troca feita entre mim e o Crispim, repetida sempre que o Crispim corria
A edição deste ano, segundo a organização tinha uma ligeira diferença... Uma câmara de "troca de chips" onde apenas podiam estar atletas e que marcava o único local onde se podiam efectuar trocas entre as estafetas! Foi aqui que passei as últimas duas voltas do primeiro ciclo do Crispim! Enquanto o tempo de entrar em ação se ia aproximando o corpo ia-se mentalizando do que viria a seguir, ia entrar numa prova e como todas as outras tinha que dar o melhor de mim. Vi o Crispim entrar na reta da meta e preparei-me para entrar na "pista"... Fizemos a troca do chip do pé e segui para a prova! Aquela mentalização que falei antes acabou por funcionar bem demais, quando dei por mim tinha saído quase como que numa prova de estrada... Ritmos iniciais a 3'20''/km eram completamente absurdos e ao fim de uma reta percebi que tinha que reduzir, até porque se o objetivo da equipa fosse cumprido, todos fariam muitos quilómetros. Fui baixando a velocidade até sentir que estava numa velocidade confortável para aguentar a hora que me competia e voltei a olhar para o relógio: 3'50''/km a direito e 4'/km a subir e parecia-me que conseguia aguentar este ritmo durante algum tempo! Apesar de todos os conselhos de não andar em ritmos muito altos, decidi arriscar e ver no que dava, afinal de contas nem estávamos no primeiro lugar e não podíamos também atrasar demais! À primeira passagem na zona da meta oiço o Hugo Água, speaker de serviço e amigo de outras provas, a dizer que ia num ritmo muito forte e volto a pensar para mim que apesar de estar forte, estava "confortável" (é óbvio que tinha que forçar o andamento para andar aqueles ritmos, mas sentia-me capaz de os manter durante muito tempo). 

Passagem na zona da meta, com o Hugo Água junto ao monitor a relatar a prova
A minha primeira ronda de voltas manteve-se tal como na primeira... O ritmo mantinha-se, assim como os avisos que estava muito rápido mas foi assim que continuou, ou melhor, continuou até à última volta! Segundo o planeamento, depois desta primeira ronda ia descansar algum tempo portanto não havia mal nenhum em "esticar" o andamento... O ritmo baixou para 3'40''/km na reta da meta (o calor humano, as palavras do Hugo - muito obrigado pelo enorme serviço prestado aos atletas - e o facto de ser a descer levavam sempre a um aumentar do ritmo) e decidi manter até ao fim! Quando chego ao fim, passo o chip ao Nuno Boniek e sigo para o descanso... Falo com o meu pai, transmito-lhe as sensações que ia tendo e ele diz-me para tentar controlar mais um pouco nas próximas para poder dar para o dia todo. Acabo por lhe perguntar se tinha conseguido chegar perto da equipa que ia em primeiro e ele diz-me que já tínhamos passado para primeiro! Vou para dentro, vejo as classificações e vejo que não só tínhamos passado para primeiro, como individualmente tinha conseguido fazer a volta mais rápida de todas as estafetas: 7'51'', tempo este que se manteve até ao final! 
Passagem do chip para o Nuno Boniek
O Nuno, tal como o Crispim, era um repetente na equipa que tinha vencido esta mesma estafeta em 2016 e isso dava-lhe alguma margem de manobra para poder gerir o esforço! A verdade é que entregou o chip sensivelmente com o mesmo tempo que o Crispim e continuávamos na frente... Por fim, o último elemento da estafeta, o Pedro Ribeiro! A forma que o Pedro vinha a demonstrar até esta prova, levava a crer que o seu segmento seria também bastante rápido e foi exatamente isso que aconteceu... 53' voltava a ser um tempo mais rápido que o planeado mas tal como eu, as sensações eram boas e a partir daí era só esperar que não houvesse quebras. 

Estava então terminado o primeiro ciclo de cada um dos atletas da estafeta e os tempos já eram bem mais baixos do que o expectável! O primeiro lugar era ocupado por nós mas ainda faltava muito para terminar as 24H. Após um descanso em que me esforçei para que fosse bem passivo (procurei ficar sentado, hidratar bem e comer durante a primeira hora após ter terminado o meu ciclo), estava na hora de voltar a render o Crispim... Voltei a focar no objetivo e voltei a sair forte! Estava mesmo a sentir-me bem e desta vez obtei por tentar manter um ritmo constante, evitar a tal última volta forte para não provocar desgaste maior que o necessário e a verdade é que cheguei ao fim deste segundo ciclo exatamente com a mesma média: 3'54''/km. Uma das coisas que ainda não falei foi da presença dos caracóis na "pista"... A presença de tanta cara conhecida era uma fonte de motivação enorme para ir mantendo o ritmo! Umas palavras de ânimo de uns, brincadeiras com outros e parecia que o tempo ia passando mais rápido. E se isso foi acontecendo com todos, permitam-me destacar o Ico Bossa, que aceitou o desafio de correr pelo Caracol Trail Team neste evento e que foi sempre dando palavras de apoio ao longo das 24H! Muito obrigado, Ico e muitos parabéns pelas 100 milhas!

Passagem pelo Ico em que lhe disse que ele ficava muito bem de "azul"!
Enquanto a nossa equipa ia somando quilómetros, o dia ia avançando também e a minha terceira entrada em ação foi por volta das 20H... Mais importante que o horário em que entrei, foi a temperatura! Segundo o Suunto Spartan Ultra que tenho experimentado e que vou publicar a review após a Serra D'Arga, a temperatura desceu dos 26º para os 20º e estavam as condições ideais para fazer os próximos 13kms. E o ritmo imposto correspondeu às condições... Fiz o meu ciclo mais rápido até ao momento (por 1'30'') e embora começasse a sentir a quebra, ainda me sentia com forças para os restantes ciclos. 

Os próximos dois ciclos coincidiram com a fase da noite... Embora o vento que soprou durante o dia acalmasse substancialmente à noite, a temperatura baixou para cerca de 10º! Se para quem está na rua isto já é frio, para quem acaba de acordar enrolado ao saco de cama, fica uma sensação de desconforto enorme, de tal maneira que nem apetece correr. Esta foi mesmo a pior fase da prova, o cansaço acumulado em conjunto com o frio e com o sono levaram a que o ritmo baixasse automaticamente! Fiz o primeiro ciclo, por volta das 23h30min, ainda a 4'11''/km (ainda não me tinha deitado), mas tive a clara sensação de que as corridas seguintes durante a noite e durante o dia foram ligeiramente mais lentas! Digo sensação porque durante a semana fui usando o relógio e esqueci-me de o colocar à carga no dia anterior... De qualquer das maneiras não demorei mais de 56', o que indica que os ritmos não baixaram muito! 

Último ciclo planeado, já durante a manhã

Após os ciclos que tínhamos previsto para as 24H, percebemos que ainda tínhamos mais duas horas para correr... É a partir daí que o record da prova começa a entrar no espírito do grupo! O Hugo ia dizendo ao micro que o record estava nos 320kms e percebemos que se mantivéssemos o ritmo, esse record podia ser batido com bastante margem! Iniciámos novos ciclos, desta vez mais curtos e conseguimos não quebrar praticamente nada... Já muito perto do final, com cerca de 23h49', já com o record batido, tínhamos que decidir se tentávamos meter o record o mais comprido possível ou se fazíamos uma chegada em família, com todos os atletas presentes! Ficámos pela segunda... Embora estivesse na reta da meta com tempo suficiente para fazer mais uma volta, organizámos toda a equipa e cortámos a meta todos de seguida, exatamente com 24H! 

A nossa estafeta, seguido da estafeta feminina
Foi assim que terminámos um dia de festa do Caracol! Um dia que foi concluído com um 3º lugar da geral individual do Gaio, o nosso primeiro lugar das estafetas, o terceiro lugar das estafetas e o segundo lugar das estafetas femininas! A todos os meus parabéns, bem como ao resto da equipa que não ganhando prémios, esteve presente como participante e como auxiliar à equipa! Como costumamos dizer... Juntos somos muito mais fortes!

Fotografia após o pódio, já com as medalhas do primeiro lugar das estafetas! 
Em relação à organização, um grande, grande agradecimento! A estrutura está montada e acima de tudo há uma grande preocupação em ir respondendo às necessidades dos atletas de maneira a tornar esta prova cada vez mais "profissional". Segundo me disseram, praticamente tudo o que correu menos bem em 2016 (como o número de casas de banho) foi corrigido em 2017, levando a que nada faltasse aos atletas! A moldura humana presente foi sempre bastante agradável, sendo que se destacou bastante o período da noite em que tínhamos sempre gente a assistir na zona da partida/chegada! 

Foi um grande evento, 24H muito bem passadas e um ótimo resultado desportivo... O que se poderia pedir mais?

Comentários

  1. Parabéns a todos os "Caracóis" ... eram mesmo muitos e ajudaram a animar a "festa". Grandes prestações.
    Aquele abraço (extensível aa todos, especialmente ao teu pai com votos de rápidas melhoras para voltar ao nível que nos habitou)

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    Respostas
    1. Muito obrigado, Carlos :)
      Foi uma festa quer da equipa, quer do evento! Passámos um ótimo dia :)
      Grande abraço

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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