5ª Paragem 2018: 1º Pódio de Trail do Ano

Cork Trail

Distância: 25.88kms
Tempo: 02:18:10
Classificação Geral: 3º Classificado
Classificação Escalão: 2º SenM


Pelo segundo ano consecutivo marquei presença no Cork Trail. Uma prova realizada em Vila Nova de Erra, pelo Hugo Água, um amigo que tem a preocupação de organizar um evento de atletas para atletas! A proximidade da prova com um dos momentos mais importantes da época fez com que abordasse esta prova com todas as cautelas, tal como vão perceber ao longo do resumo mas no final o resultado e as boas sensações acabaram por ser melhores que o esperado.
A semana da prova foi encarada como a última de preparação para a Taça de Portugal de Ultra Trail, que se irá disputar a 10 de Março, em Proença-a-Nova e, como tal, serviu para meter ainda alguns quilómetros e fazer as últimas afinações no corpo. As sensações foram muito boas ao longo da semana, as respostas foram sendo muito positivas e quando cheguei à véspera da prova sentia-me com capacidade para ir ao Cork e fazer um treino longo ainda com alguma intensidade. 

Foi assim que cheguei ao dia da prova, juntámos a enorme comitiva de caracóis (presença de 13 atletas mais os acompanhantes) e seguimos para Vila Nova de Erra. A viagem foi algo atribulada, desde nevoeiro a uma incursão por estradas de terra batida levaram a que só chegássemos ao local da partida 30' antes do início da prova. Ainda assim, mais uma vez com o trabalho de equipa (os atletas a equipar e os acompanhantes a tratar de dorsais) conseguimos evitar atrasos e 5' antes da partida estávamos todos na linha de partida já a ser fotografados pela Bernardete Morita (muito obrigado pelo carinho que passas à nossa equipa).

Parte da equipa pronta para o Cork Trail (os atrasos fizeram com que não desse para juntar toda a gente) 

No tempo que restava até à partida o Hugo Água aproveitou para dar algumas indicações para a prova, fazer duas homenagens a pessoas que partiram demasiado cedo acompanhadas por uma salva de palmas e depois de uma contagem de 10 até 0, seguimos para mais uma edição do Cork Trail! O início da prova era igual ao ano anterior... Saída da localidade em direção ao Campo de Futebol e em menos de um quilómetro apanhamos um monte de areia com uma inclinação brutal onde a maior parte dos atletas acaba por meter a passo! Os metros iniciais acabaram por sair um pouco mais lentos do que o normal neste tipo de provas curtas, até porque a maior parte dos atletas vai estar presente no sábado na Taça e o primeiro momento em que se verificaram algumas diferenças foi precisamente na inclinação que falei antes. O Nuno Rocha acabou por ganhar alguma distância e logo atrás segui eu, o Luís Fernandes, o Tiago Romão e o Jorge Pereira, um atleta que não conhecia mas que seguia junto a nós. Este cenário acabou por se manter até aos 2kms, altura em que o Jorge deve ter ficado sem sapatilha num dos poços de lama por onde íamos passando e acabou por se atrasar. A partir daí iniciávamos a subida mais longa da prova, mais de um quilómetro sempre a subir onde fui metendo a conversa em dia com o Tiago Romão. O ritmo ia controlado, mas forte, o Nuno já tinha ganho alguma distância e só ao longe o conseguíamos ver até que chegamos ao final da subida e iniciamos um estradão em terreno plano (dos poucos metros assim desta prova) que permitia meter ritmos mais altos e rolar um pouco mais forte. O Luís Fernandes acabou por se avançar ligeiramente em relação a mim e ao Tiago e depois acabei eu também por ganhar alguma distância, ficando assim os 4 primeiros lugares isolados e a bom ritmo. Após esse estradão entramos numa zona de btt, que percorria os vários "socalcos" dos montes que íamos percorrendo e a meio dessa zona ainda consigo ver o Luís à minha frente e o Tiago já com o Jorge de novo perto dele pouco atrás de mim. Aos poucos as distâncias ficaram mais cravadas e acabei por ficar mesmo sozinho até chegar ao primeiro abastecimento, por volta do 6º km. Como tinha optado por levar a mochila comigo não tive necessidade de parar em nenhum abastecimento e segui caminho. 
É a partir deste abastecimento que entramos naquela que para mim era a fase mais complicada da prova, a fase mais técnica e que muito por causa da prova de sábado me "proibia" psicologicamente de arriscar muito, fazendo com que por volta do quilómetro 9 o Jorge, já sozinho, se chegasse perto de mim. Após esta fase de sobe tronco, desce tronco, tração às quatro para descer, rabo no chão para saltos o terreno voltava a ficar mais propício para mim... Uma zona de sobe e desce constante, com terra bem sólida que não permitia escorregadelas e que, para quem tivesse pernas, permitia meter ritmo altos. E foi precisamente nesta transição zona técnica/zona corrível que o Jorge ainda chegou a colar mas assim que ficou favorável para mim voltei a descolar. A partir daí o filme da prova foi sendo mais ou menos o mesmo... Em cada subida que fazia ganhava um pouco de espaço, nas zonas a direito também acabava por ganhar e nas zonas a descer conseguia não perder, ou seja, aos poucos, a distância entre os dois foi aumentando até que por volta do quilómetro 16, quando terminava a zona do sobe e desce constante, já não o via. Aqui voltávamos à zona florestal da prova e voltávamos aos desníveis curtos mas muito acentuados e é também aqui que começamos a apanhar o pessoal da prova curta. Esta zona, apesar de ter um terreno não tão sólido como o anterior, permitia fazer as descidas sem grandes travagens e as subidas bastante fortes.


Numa dessas subidas, a tentar meter um bom ritmo... Obrigado mais uma vez, Morita!
É também aqui que passamos na falésia, um dos pontos "míticos" da prova, mas onde mais uma vez optei por jogar pelo seguro e sentar-me para fazer o salto para o "lado de lá". Não tenho propriamente noção de qual é a distância que tenho para a frente nem para trás, mas como estava a conseguir andar bem e 25kms são demasiado curtos para permitir grandes berros, deduzi que estivesse relativamente tranquilo em relação a ambos.

Passagem pouco depois da falésia... Como te disse logo no momento, Juca, já tinha saudades do teu "Vai Caracol"! 

É neste ambiente que chego ao último abastecimento, já muito perto da localidade de Erra e começamos a fazer o contorno à mesma. Um terreno de fácil progressão mas que continuava a ter o sobe e desce tão característico desta prova... Nesta fase acabo por apanhar mais gente da prova curta e se me permitem, gostava de deixar aqui um agradecimento aos atletas dessa prova pois quase sempre que eu pedia para passar afastavam-se logo e eu passava com o trilho todo para mim, um muito obrigado! 

Um desses momentos, muito bem captado pelo Bué, obrigado!
Só dentro do último quilómetro e meio a organização nos permitiu voltar a rolar a um ritmo confortável, em terreno plano e consegui voltar aos ritmos inferiores a 4'/km. Quando já estava a cerca de um quilómetro do final, vejo ao longe o Miguel Vitorino, da minha equipa, que estava a completar a prova pequena e grito-lhe para ele se despachar, que ainda terminávamos a prova juntos. E assim foi, nos últimos 500mts juntei-me a ele e sempre a olhar para trás para me certificar que o Jorge não vinha lá, lá completámos a prova! Foi a cereja no topo do bolo... Se já me tinha divertido praticamente em toda a prova (aqueles 3kms deixaram-me mais assustado que divertido), os 500mts finais foram só rir! 

Foto no final, ainda a rir! Obrigado pela foto, querida maninha :p


No final, os dois pódios da geral e do escalão, o pódio da equipa (fechada com o Hugo Neves e com o meu mano mais velho Pedro Ricardo), o pódio da 2ª equipa mais numerosa e mais um enorme convívio de toda a equipa fazem com que cada vez tenha mais orgulho no meu/nosso percurso! É que se olhar para trás, já não consigo distinguir um momento do meu crescimento que não seja simultâneo com o crescimento desta enorme família! Orgulho de Caracol! 

Pódio coletivo do Trail Longo

Em relação à organização, o que mais há a dizer? Tudo perfeito! Um percurso a aproveitar todas as características naturais presentes na zona, uma preocupação em ter uma envolvente de festa na zona da chegada, banho quente no final assim como uma bifana e uma bebida, prémios para todos e a preocupação de envolver marcas nos prémios para os primeiros... É um prazer voltar a Coruche para esta prova organizada por um amigo que demonstra um gosto enorme em receber todos os atletas! Obrigado pelo convite, Hugo Água, estava tudo espetacular!

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