9ª Paragem 2018: Quando o trilho não tem caminho...
Corvus Trail
Distância: 26.22kms
Tempo: 02:11:24
Classificação Geral: 5º Classificado
Classificação Escalão: 5º SenM
A festa da taça está de volta... Mais um ano se passa e mais uma vez a final da Taça Nacional de Trail será disputada numa das ilhas do Arquipélago dos Açores, após qualificação pelas respetivas zonas! Uma semana depois da desistência na Madeira, surgia a segunda prova de qualificação para a referida taça, o Corvus Trail, prova realizada perto de casa e com uma distância relativamente acessível para quem há uma semana tinha ficado pelos 43kms mais duros da sua vida.
Apesar de todos estes fatores a favor da minha participação, existia ainda uma coisa que me deixava de pé atrás... Não sei como os outros reagem a desistências em prova mas a mim deixa-me em baixo! Acabo por perder confiança nas capacidades e começo a perguntar-me se todo o trabalho realizado em prol desta modalidade é equivalente aos resultados que se vão obtendo... Lá me inscrevi na prova e embora tenha iniciado a preparação algo a medo, o corpo foi dando alguns sinais positivos e segui para a prova com o intuito de fazer o meu melhor possível e no fim olhar para a classificação.
Na manhã de domingo, enquanto tomava o pequeno almoço, aproveitei para ler o que tinha escrito no ano passado sobre o Trail de Abrantes, a versão anterior deste Corvus Trail. Acabei por me relembrar de alguns pormenores importantes e após juntar com a caracolada toda, lá seguimos para Alferrarede, local da partida de todas as provas do evento. Após a nossa chegada, era hora de levantar dorsais, preparar tudo para a prova e seguir para um "pequeno" aquecimento... A prova era demasiado curta, os ritmos adivinhavam-se altos e um bom aquecimento poderia ditar diferenças iniciais.
Poucos minutos antes do início da prova, os atletas agruparam-se debaixo do pórtico de partida para ouvir um mini briefing e às 9h em ponto, após contagem decrescente, a prova arrancou... Durante o primeiro quilómetro, praticamente todo feito em alcatrão, o pelotão seguia agrupado. Embora os ritmos já fossem consideráveis, ainda permitiam que muita gente fosse junta. A entrada num estradão e um assumir de prova mais forte pela parte do Gomes de Ferreira do Zêzere fez com que o pelotão ficasse reduzido a 5 atletas, o próprio Gomes, o Pedro Ribeiro da minha equipa, o Carlos Bárbara de São Mamede, o Fernando Rosa do Montanha Clube e eu, sendo que o Francisco Reis do São Mamede seguia também relativamente perto. Entre o primeiro e o terceiro quilómetro os ritmos foram sendo constantes, os estradões da prova levavam a que o quinteto se fosse mantendo junto e mesmo as primeiras inclinações da prova não pareciam quebrar o grupo que já seguia a uma velocidade considerável... Ao quilómetro 4.5kms apanhamos uma subida mais longa do que as anteriores e foi aí que começou verdadeiramente a prova! O Pedro e o Gomes acabaram por seguir sozinhos, o Carlos Bárbara seguia logo com o Fernando e eu seguia atrás deles mas com alguma distância de intervalo, tendo o Francisco sensivelmente a mesma distância atrás de mim. A partir daqui e até aos 11kms a prova seguiu sempre a mesma toada... Inclinações médias, não exageradamente longas, em estradão ou trilhos corríveis! As posições essas também se iam mantendo, sendo que perdi os dois primeiros por completo de vista, mantendo sempre o 3º e o 4º à vista. Pelo meio, numa curva à esquerda, acabámos (eu e o Francisco) por virar muito cedo, mas percebemos logo que estávamos mal e seguimos pelo trilho correto, formando assim o "grupo" do 5º e 6º atletas.
Saída do primeiro abastecimento (Foto: Joana Godinho) |
Disse antes que este foi o filme até aos 11kms porque é nesta altura que apanhamos a subida "rainha" da prova: 1km c/ 118mts de desnível positivo! O ritmo com que vínhamos era elevado e aproveitei o "balanço" para me chegar definitivamente ao Francisco, que ia ganhando espaço aos poucos e como o treino de desnível ainda estava todo nas pernas, aproveitei o momento para recuperar o que tinha perdido até ali... Passo o Francisco, aproximo-me e passo o Fernando e fico a cerca de 50mts do Carlos Bárbara! O pódio estava mesmo à vista e as sensações estavam a ser cada vez melhores, sentia-me mais solto a correr e aquela subida parecia ter dado a motivação certa para encarar os restantes 14kms da prova. Acontece que a partir dali a prova muda completamente de "toada"... De repente os estradões são substituídos por uma levadas, umas vezes corríveis outras nem por isso e depois entramos numa fase em que o próprio trilho era pouco visível ou então que o trilho tinha sido feito pelas pessoas que tinham feito a marcação! Volto a dizer o que disse o ano passado: não me estou a queixar! Se há coisa boa neste desporto é que a prova será sempre igual para todos mas não deixa de ser verdade que há características que favorecem mais uns que outros! E aquela fase não me era nada favorável... No final da zona da levada fui ultrapassado pelo João Fernandes da Zona Alta, pelo Francisco Reis e pelo Fernando. Depois disto tínhamos uma passagem de linha de água, antes de entrar numa colina onde escalávamos até ao topo e onde fui ultrapassado pelo Mota e pelo Bruno Pereira.
Na subida após a linha de água, aqui numa zona "fácil" (Foto: Bernardete Morita) |
Nas tais zonas sem trilhos acabo por perder o contacto, não conseguindo seguir com eles e tenho que arriscar ao máximo nesta má fase para poder recuperar numa possível zona final mais acessível... Mesmo antes do abastecimento, ultrapasso o Fernando, que já vinha desgastado e quando cheguei ao último abastecimento, o meu pai diz-me que o atraso não era muito significativo! Troco os flasks e sigo rapidamente, esperando que os trilhos voltem a ter caminho e que pudesse voltar a correr...
Chegada ao último abastecimento (Foto: Joana Godinho) |
Finalmente lá consigo meter um bom ritmo e na descida a seguir, acabo por me aproximar do Bruno. Aproveitei o "balanço" e arranquei logo, queria recuperar o máximo possível e o Bruno acabou por ficar para trás. Pouco depois, durante nova subida, vejo o Francisco Reis e o Mota... Sinto que ainda durante a subida consegui recuperar parte do atraso que levava e quando olho para trás, o Bruno tinha ficado definitivamente para trás... Aos poucos vou diminuindo a vantagem e é já num estradão fácil em "falso plano", a menos de três quilómetros da meta, que consigo colar ao Francisco, passo e sigo na perseguição ao Mota, que estava poucos metros à nossa frente. O ritmo ia "frenético" e o final da prova retomava à estrada de alcatrão por onde tinha começado, ou seja, o ritmo ia aumentar ainda mais... A nível de pernas estava muito bem, o corpo ainda está muito "trabalhado" para o endurance e meti o ritmo mais forte que tinha, tendo chegado perto do Mota já com o pavilhão da meta à vista. Com a meta tão próxima, aumentei ainda mais o ritmo (os últimos 200mts foram feitos a 3:15/km), tendo conseguido segurar o 5º lugar. No final da prova, era altura de começar a fazer contas... Eu e o Pedro (perdeu no final para o Gomes, parabéns aos 2) somávamos 7 pontos e faltava chegar o terceiro elemento! O Hugo apareceu no 14º lugar e o Caracol Trail Team fechou no primeiro lugar com 21 pontos!
Pódio coletivo com a Zona Alta e São Mamede, muitos parabéns! (Foto: Bué da Fotos) |
A nível pessoal, não foi uma prova perfeita... Alguma dificuldade nas subidas iniciais e aquela zona de trilho sem caminho acabaram por me atrasar em relação ao objetivo que tinha planeado mas um final forte fez com que ainda recuperasse parte do prejuízo, tendo ajudado a equipa para a vitória coletiva! Agora é continuar a trabalhar, para objetivos mais curtos do que o MIUT e logo faremos as contas para a final da Taça Nacional de Trail. Já agora dar também os parabéns a todos os caracóis pelas enormes prestações, tendo "limpado" os dois primeiros lugares do pódio da geral feminina e ocupando lugares nos vários escalões!
A nível da organização da prova, gostaria de deixar os meus parabéns pela prova e se me permitem deixar duas considerações para futuras edições: terreno lavrado é muito propenso a lesões e na minha opinião devia ser evitado; caminhos com ervas altas e em que não é possível ver o "chão" que estamos a pisar são também bastante propensos a lesões, sendo que parecia relativamente fácil "abrir" um caminho. De resto boas marcações e uma "zona de meta" com bom ambiente, presença de uma loja e um bom almoço que servia para "matar" a fome após a prova.
Grandes máquinas na prova. Parabéns pela prestação após a desistência. Um abraço
ResponderEliminarO nível estava muito alto, é verdade, Filipe! Obrigado e bons treinos ;)
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