Review: Nike Zegama

Tal como com o colete, as sapatilhas eram um problema no regresso ao trail. As velhinhas La Sportiva já não estavam em condições mas, mais importante que isso, a verdade é que existiu uma grande progressão no conceito de sapatilha de trail. As marcas apostaram forte na evolução do seu calçado e, a grande variedade de atletas, levou a que se desenvolvessem sapatilhas para todos os gostos (e cada vez se percebe mais isso). Contudo, apesar de toda a evolução, a minha procura foi bastante prática, tendo apenas 3 requisitos básicos:

  • Agarrassem bem a todos os tipos de terreno;
  • Fossem confortáveis;
  • Fossem baratas.
Primeira prova com os Nike Zegama

Se os dois primeiros tópicos eram importantes, procurei que o terceiro também estivesse presente, porque fazer o investimento inicial completo para trail não sai assim tão barato. Enquanto estava de férias, visitei um outlet da Nike e encontrei as Nike Zegama a metade do preço (dei 80€ por elas). Apesar de ser uma quantia avultada, estava longe dos preços praticados pelas principais marcas e, numa fase inicial, teria que ser suficiente. Vamos então aos vários pontos de destaque que encontrei nestas sapatilhas:
  •  Bastante confortáveis, com uma boa adaptação ao pé. As viragens "bruscas" realizavam-se todas com o pé bem encaixado na sapatilha. A almofada na zona do tendão de aquiles também se tornou bastante útil porque, desde o primeiro quilómetro, o ajuste impediu que houvesse qualquer fricção com o pé;
  • Todos os terrenos que "frequentei" (convenhamos que foi maioritariamente a serra de Sintra, com bom tempo), demonstravam uma boa adesão e até uma ajuda na progressão em terrenos mais sinuosos (ainda fez uma incursão na Serra D'Aire, com muita pedra), uma vez que o facto de resvalarem pouco fazia com que o pé saísse do chão com a força total aplicada no solo. 
  • Relação qualidade-preço bastante satisfatória nos primeiros 2 meses de treino (faziam, maioritariamente, 1 treino por semana), sendo que fizeram, em prova, 120km (Sintra, Alpiarça, Neveiros e Zêzere).
Ora, até ao Zêzere, elas foram cumprindo a sua função, mas, mesmo antes do Zêzere, já tinha falado com o meu pai que provavelmente teria que trocar as sapatilhas, que aquelas já não estavam a ser parte da solução. Problemas encontrados:
  • O apoio outrora encontrado no tendão de aquiles, passou a estar muito mais "recolhido". A função de deixar o pé confortável até se manteve, o problema era o bailado constante que o pé tinha que fazer dentro da sapatilha em cada mudança de direção;
  • A sapatilha ficou demasiado grande para o pé, quando no início tinha um ajuste perfeito, o que se tornou perigoso, principalmente no Zêzere, em que tivemos várias zonas em que tínhamos que saltar (a fatídica descida dos 30km);
  • A boa adesão a todos os terrenos foi-se perdendo e, mesmo em terrenos fáceis, acaba por já não se sentir tão fidedigna quanto no início.
Última prova com as Nike Zegama

Resumindo, apesar de na fase inicial terem demonstrado ótimos indicadores para o que aí vinha da época, no Zêzere tive que procurar nova solução (já utilizada na Amizade), porque era incomportável continuar a competir com uma sapatilha que dança. Embora o preço inicial tenha sido bastante apelativo, a verdade é que o barato acabou por sair caro e já tive que optar por outra solução. Nesta fase da época, servem para fazer treinos em que tenho a certeza que não vou sair de estradão. Para quem for patrocinado ou possa trocar a cada 200 ou 300km, aconselho, caso contrário, na minha opinião, existem outras opções no mercado. 

Boas corridas e bons treinos!

Comentários

  1. e qual foi a opção de sapatilha para o "trail da amizade"?
    obi

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    1. Neste momento estou a usar as Scarpa Ribelle. Quando já tiverem mais alguns quilómetros, faço o devido review.

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  2. Ribele não deixa respirar o pé, tive umas, assim que veio o sol, não aguentava com o aquecimento

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    Respostas
    1. Nos meus pés têm 55km. Em termos de aderência em terrenos técnicos têm sido perfeitos, em relação à respirabilidade ainda não tive queixas, mas também não tenho quilómetros suficientes para tirar grandes conclusões.

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