Diário de Bordo: A caminho do Campeonato Nacional de Ultra

Para quem costuma competir em solo nacional (o vulgo corredor amador) e para quem gosta de levar a competição mais a sério, a sigla CN costuma deixar um formigueiro na barriga. Os campeonatos nacionais são sempre um ponto alto do calendário e a possibilidade de poder competir lado a lado com os melhores atletas do país é um momento que devemos sempre aproveitar. Este ano, o Campeonato Nacional de Ultra Trail irá decorrer no dia 18 de Fevereiro em Santo Tirso. Embora tenha regressado ao trail apenas em Setembro, ainda fui a tempo de fazer uma pontuação suficiente para me poder inscrever nesta prova e passou, automaticamente, a ser um objetivo para a época.

O caminho para chegar até lá não foi fácil. Foi tudo "documentado" e explicado nos diários de bordo que fui publicando, mas esta fase final de preparação (não publicava os meus registos desde 10 de Janeiro) foi ainda mais dura do que aquilo que tinha feito até agora. 

O processo de progressão foi desenhado com a seguinte sequência:

1. Retomar rotinas de treino (os últimos 2 anos tiveram treino, mas não as rotinas adequadas);
2. Preparação do corpo para trail (o piso, o desnível, os tipos de treino);
3. Aumento de volume para ultras (os indicadores do trail eram bons, mas as ultras sempre foram o sonho);
4. Progressão em todos os parâmetros para chegar em forma ao Campeonato Nacional de Ultra;

Para quem vai acompanhando no Instagram, já conhece o meu excel e sabe que os meus verdes (3 tipos) significam as semanas com mais tempo de treino, mais desnível e mais quilómetros. Desde o dia 10/01, consegui coletar: 2 verdes no tempo de treino, 3 verdes na distância percorrida e 3 verdes no desnível positivo. Se é verdade que a semana dos Trilhos dos Reis ficou altamente favorecida por ter, só num dia, metade dos dados da semana, não é menos verdade que os restantes verdes vieram todos de semanas sem prova. 

Final dos Trilhos dos Reis (Fonte: Inês Cruz)

Assim, ficam alguns dados para os que, como eu, gostam mais de números e de os analisar:

• Janeiro foi o mês com mais dias sem treino da época (5);
• Janeiro foi o mês com mais tempo de treino, mais quilómetros e mais desnível da época;
• Fevereiro, em 15 dias de treino, aumentou ligeiramente o número de quilómetros dos primeiros 15 dias de Novembro e Dezembro, mas aumentou muito o desnível positivo;
• 4 das últimas 5 semanas com +100km; 3 das últimas 5 semanas com +2500m de D+.

A preparação foi dura, tive muitos momentos de ir para um treino sem saber bem o que ia sair! Uns saíram ainda melhores que o expectável, outros começaram mal e acabaram bem, outros foram só para chegar ao final. Apesar de tudo, estou bastante orgulhoso do que fiz até aqui, da forma como o meu pai me conseguiu puxar a níveis onde nenhum dos dois pensou chegar nesta altura. O corpo respondeu bem e, agora, só falta aplicar tudo aquilo que de bem se fez na preparação no dia mais importante! A todos os que vão competir amanhã no Nacional, vemo-nos na linha de partida. Boa sorte!