14ª Paragem 2017: Ainda há tanto para aprender!
Trail Castelo de Abrantes
Tempo: 03:26:38
Tempo: 03:26:38
Distância: 36.43kms
Classificação Geral: 4º Classificado
Classificação Escalão: 2º SenM
O grande objetivo do primeiro semestre de 2017 está mesmo a chegar e grande parte da preparação está feita... Embora tivesse um esboço de como seria esta fase final de preparação, a realidade acabou por sair bastante diferente e este fim de semana foi um bom exemplo dessas situações. Não podendo cumprir com o plano inicial, aparecia no calendário uma prova que não sendo muito extensa, acabava por ser uma ótima prova para concluir uma das semanas mais intensas do plano de treinos de 2017 até ao momento. Com 36.5kms e com 1300 D+, o Trail de Castelo de Abrantes aparecia como uma boa hipótese de testar o corpo pela última vez. Além disto tinha ainda a vantagem de ser a terceira prova qualificativa para a Taça Nacional de Trail - Zona Centro, ficando assim decidido que iria participar nesta prova.
As duas semanas que antecederam esta prova foram bastante distintas... Uma em que praticamente tudo o que podia correr mal, correu (pouco descanso, má alimentação, sem cumprir duas sessões de treino) e a segunda onde correu quase tudo como planeado. Apesar de ter tentado compensar alguma coisa durante esta segunda semana, há coisas que só mesmo com o fim de semana e com mais tempo para descansar é que se conseguem recuperar e a verdade é que a preocupação em restabelecer o corpo não foi a maior... Inconscientemente acabei por fazer tudo o que me deu na "real gana" e isto tinha tudo para ter repercussões no domingo. Apesar de tudo fui cumprindo com todas as sessões de treino e cheguei a domingo com a esperança que quando dessem o tiro de partida este cansaço acumulado desaparecesse e conseguisse meter os ritmos que andava a meter nas últimas provas.
No domingo segui com a restante caracolada para Alferrarede, local de concentração dos altetas, onde acabaria por ser a chegada mas não a partida. Chegámos, vimos a malta do costume destas provas mais "perto" de casa e fomos equipar... Após a foto de família, aproveitámos para aquecer um bocadinho, meter a conversa em dia e só depois nos dirigimos para a "suposta" partida. Quando chegámos o briefing já decorria mas também já tinha lido o que a organização tinha posto à disposição dos atletas no site da prova e deduzi que não houvessem grandes alterações.
Foto da família Caracol antes das provas (Trail curto e longo) |
Após o registo de todos os atletas numa espécie de funil é dada a partida e seguem logo na frente quatro atletas que deduzi serem da curta a um ritmo completamente alucinante, parecia uma prova de estrada... O Pedro Ribeiro pergunta-me se esta era mesmo a partida real, que havia atletas ao lado dele a dizer que isto ainda não era a partida. Pelo sim, pelo não, acabei por seguir num ritmo algo confortável mas sem nunca deixar de ver os atletas da frente. E ao fim de 800mts chegámos a um elemento da organização, com uma fita a indicar o locar de partida. Voltaram a aglutinar todos os atletas e aí sim, foi dada a partida real. Um pequeno reparo à organização: já que deram toda a informação ao pessoal no vosso site, podiam também avisar que a prova tinha duas partidas, Ou isso, ou faziam o novo briefing após o controlo de todos os atletas, assim garantiam que toda a gente ouvia as instruções.
Após contagem decrescente de 5 a 0, seguimos então para a verdadeira partida. Ainda estavam decorridos menos de 500mts do percurso e encontrávamos logo a primeira subida e logo com o maior desnível positivo que iríamos encontrar ao longo da prova. Aproveito esta subida para meter o meu ritmo, sabia que estava forte a subir e queria aproveitar para ver como reagiria o corpo. A resposta não poderia ser melhor, fiz a subida a um ritmo certinho e cheguei lá acima junto com o Pedro Ribeiro, com uma ligeira vantagem sobre o Luís Mota e o Bruno Pereira.
Início da descida após a conquista do Castelo de Abrantes |
Após a maior subida da prova seguiu-se também a maior descida... Desde as muralhas do Castelo até ao centro da cidade a descida era longa e por vezes tinha uma inclinação negativa bastante acentuada. Apesar de estar a descer a bom ritmo o Luís Mota consegue colar ainda antes de meio da descida e o Bruno consegue também fazer uma aproximação rápida. Entramos num single track, sigo na frente do grupo (junto a nós seguia um elemento da curta) e assim que o trilho fica um bocado mais técnico chego-me para o lado, e acabo por ficar ligeiramente para trás... Saltamos para um riacho (obrigado Bruno pelo aviso) e rapidamente começamos a segunda subida da prova, esta já muito parecida com as restantes que iríamos encontrar no resto da prova: curtas e muito inclinadas. A meio desta subida, o Pedro e o Bruno ainda voltam para trás porque estavam a ir pelo caminho errado e ficamos os 3 num grupo (o Mota seguia com avanço em relação a nós) até que chegamos ao Estádio Municipal. Fazemos a reta que acompanha aquele complexo desportivo (com ótimas condições para vários desportos) e assim que viramos à direita para um trilho novamente a descer, volto a ficar para trás e desta vez, irremediavelmente... Ainda os vi no acesso ao 1º abastecimento mas já iam relativamente longe e foi a partir daqui que começei a sentir que não tinha pernas para os acompanhar.
Acesso ao primeiro abastecimento |
A partir do abastecimento seguíamos em direção ao Parque da Cidade, uma zona verde, não muito afastada de Abrantes onde se encontravam várias zonas propícias para passar uma tarde em família onde tudo parecia muito bem estimado. Começei a perceber que sempre que o percurso era a subir até estava a conseguir subir bem mas na altura de arrancar mais rápido a direito e a descer as forças não estavam a ajudar muito. À saída do parque (9.5kms) tínhamos a primeira separação dos percursos do Trail Longo e do Trail Curto, não tinha noção do atraso que levava mas tinha que tentar ir atrás do prejuízo. Tentei fazer o que restava da subida a um bom ritmo e fiz a descida seguinte também em boas condições. Temos uma passagem por baixo da A23 viramos à direita e... Nova subida! Volta a ter pouco desnível mas ainda assim não dá para meter ritmos altos. Sigo o mais rápido que consigo, não tinha ainda perdido a esperança de apanhar o trio da frente. Faço a descida seguinte e após um troço muito curto a direito (onde atravessamos a fazenda de um senhor que lá estava a trabalhar) chego ao segundo abastecimento.
Chegada ao segundo abastecimento |
É a partir deste abastecimento que a prova começa a mudar para mim... Fizemos alguns troços diferentes do que tínhamos encontrado até aí, desde trilhos abertos propositadamente para a prova (ou pelo menos assim parecia) até zonas em que parecia que apenas tinham sido pisadas para a marcação do percurso... Não estou com isto a criticar a escolha de percursos pela parte da organização, a única coisa que estou a dizer é que não me dou bem com este tipo de traçados e acabei por ir um bocado abaixo psicologicamente. Saímos do segundo abastecimento e iniciámos um percurso a direito por onde não havia caminho seguindo de seguida para uma subida que passava a meio por baixo da A23 e que continuava a subir até um picaroto... Fazíamos um trilho a meia encosta e voltávamos novamente a subir até nova junção com o Trail Curto. Rapidamente cheguei ao terceiro abastecimento (20kms) e como não havia água, abasteci com isotónico! Flasks cheios (pensava eu que até ao fim da prova) e siga... Apesar de já ter "abdicado" da prova, sabia que vinha malta na perseguição e tinha que aproveitar as subidas onde me estava a sentir bem para manter o avanço. E felizmente que a seguir a este abastecimento havia uma das subidas que mais prazer me deu fazer, a seguir à ascensão ao castelo... Sempre constante e com boa inclinação, consegui voltar a correr a bom ritmo. Após isso temos uma boa descida e o percurso continua semelhante até aos 28kms, local do penúltimo abastecimento. Pergunto pelos da frente e dizem-me que já vão com quase 10' de avanço, só o terceiro, que era o Pedro é que estava mais para trás. O MIUT ainda pesava nas pernas e acabou por ficar para trás na luta pela vitória... De qualquer maneira, como disse antes, não queria quebrar demasiado o ritmo e se por acaso conseguisse apanhar o Pedro, seguia com ele até à meta... Daqui até ao final tínhamos ainda uma passagem por uma linha de água, onde estava o Juca a tirar fotos (obrigado pelas ótimas fotos, mais uma vez), acabei por desabafar com ele que a prova estava mesmo a correr mal e segui para o que faltava até ao final da prova.
Desalento total por esta prova mal conseguida |
Daqui até à meta foi "um saltinho"... Segui a ritmo controlado até regressar a Alferrarede onde estava a Joana a dar-me nas orelhas por demorar "tanto", junto com o Hugo e com o Pedro Mourão. Cheguei, troquei umas breves palavras com o Mota (parabéns pela vitória) e com o Pedro e tive que me ausentar imediatamente por motivos profissionais... As minhas desculpas à organização e companheiros de pódio (Pedro Ribeiro e Carlos Mendes) e restante equipa (pódio coletivo) por não vos poder acompanhar na subida ao pódio!
Pódio de SenM, com a Joana a fazer de Tiago Godinho, obrigado |
Em relação à organização gostaria de deixar os meus parabéns pelo esforço que tiveram em "levantar" esta prova... Um percurso bem marcado, com muita gente a auxiliar (quer na segurança a cortar estradas, quer para não haver enganos) e com uma boa envolvente na zona da chegada. Alguns pormenores onde podiam melhorar como a divulgação das informações só após o controlo de todos os atletas, aquela falta de água aos 20kms (pelo menos para os atletas que chegaram na mesma altura que eu) são coisas que podem ser melhoradas e que acrescentam valor à prova assim como a passagem por trilhos com maior "interesse", se bem que a zona não dá para fazer muito melhor. De qualquer maneira, obrigado pela prova que nos proporcionaram.
A nível pessoal fica a lição de que nunca se deve "menosprezar" uma prova... Se nos inscrevemos temos que a respeitar e preparar-nos de forma conveniente! Além disso não pode acontecer numa prova onde praticamente nada é ao nosso jeito deitar-nos completamente abaixo, temos que trabalhar de maneira a poder dar sempre o melhor de nós, em toda e qualquer circunstância! Mas como disse no título do post: ainda há tanto para aprender! Agora resta fazer a preparação final para o EGT e esperar que tudo corra pelo melhor.
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