Procura o teu foco!
Não é segredo para ninguém! O Trail Running é um desporto muito, muito exigente! Quer a nível de intensidade de esforço, quer a nível de horas de treino, quer a nível de tempo gasto para estar totalmente preparado para os desafios!
Ora, dizer que é um desporto muito exigente é o mesmo que dizer que, por vezes, não estamos com a mínima vontade de sair para treinar, não sentimos sequer que temos forças para iniciar, quanto mais terminar uma unidade de treino... E se o corpo não quer, não vai ser a cabeça que o vai obrigar, não é??? Claro que vai! É exatamente a cabeça que tem que nos fazer saltar da cama, preparar o equipamento, vestir, preparar psicologicamente e arrancar! Até porque não há desporto mais simples: um passo, depois o outro e assim sucessivamente até cumprir com os objetivos... Por vezes, são os ritmos que nos fazem pensar que não seremos capazes de cumprir mas até nisso, grande parte das vezes basta iniciar a parte específica do treino e o corpo acaba por reagir!
E é a partir do pressuposto que é a cabeça que manda que quero desenvolver este post! Há um ditado que diz "se te assusta, é capaz de ser boa ideia tentar", e passa muito por aqui... Como já falei noutras ocasiões o meu primeiro passo rumo ao treino sistemático foi a consciencialização de que se não o fizesse, continuar-me-ia a arrastar pelas provas e o que eu queria mesmo, era tirar partido deste desporto magnífico! É óbvio que estava assustado com o que teria que sofrer, nunca me tinha sujeitado a treinos diários, não sabia como o corpo iria reagir, mas era isso ou a estagnação, e se havia algo que tinha a certeza é que não queria ficar estagnado no nível onde estava! E os resultados apareceram e foram motivando a ir buscar sempre mais e mais... Este estado de graça durou mais de um ano, parecia que, como diz a Fernanda Verde, nem o céu era o limite! Até que finalmente chegou o dia em que o corpo ganhou à cabeça... Estava demasiado exausto para sequer sair do quarto e cedi... Descansei e pensei que no dia seguinte voltaria, o que diga-se a bem da verdade, não faria mal nenhum! O problema é que atrás de um dia vem o outro e o corpo começa a acomodar-se a ganhar à cabeça e tenta dia após dia vencer esta guerra! E cabe-nos a nós seguir atrás dos nossos objetivos e impedir o corpo de ganhar! Eu tenho dois mecanismos que me permitem fugir a esta guerra e sair para treinar, mesmo nos dias complicados:
1 - Falar com o meu pai! Não há ninguém que me conheça melhor e que conheça melhor as minhas rotinas diárias... Ele sabe o meu nível de fadiga e a carga que ando a ser sujeito e pode adaptar o que aí vem ou então dizer-me para deixar de ser maricas e ir treinar, já aconteceram ambas! Este é o primeiro nível de falta de vontade, o que se resolve com uma chamada para o meu pai.
2 - Inscrição para uma prova! Quando a guerra está mais intensa, acabo por ficar com vergonha de ligar ao meu pai e não lhe quero dizer que não consigo ir treinar! Tenho que arranjar outro mecanismo rapidamente para que isto não se alastre para os dias seguintes! Não é qualquer prova... Eu sei que a bem ou a mal, uma prova até 42kms acabo por conseguir fazer, com relativo pouco sofrimento, nem que vá mais devagar! Tento aproveitar provas com relevo no calendário nacional, já são um tónico mais forte para mim... Já utilizei provas de 50kms e de 110kms, desde que eu lhe atribua alguma importância e lhe dê um significado! Por exemplo, este início de (pré) época ia bem lançado, até que por motivos profissionais tive que falhar dois dias em três... Até aqui tudo bem, mesmo sabendo que não se podia compensar treinos, podia ir atrás do prejuízo e minimizar! O problema é que a nível pessoal deixei a cabeça ganhar ao corpo por mais um dia além dos tais motivos profissionais... Mas depois lembrei-me das duas provas que tenho no primeiro semestre que defini como objetivos e percebi que ou treino, ou terei mais uma época longe dos objetivos que traçei! E a verdade é que o foco virou novamente para essas duas provas, como disse a mim próprio: "estava de volta" e agora as desculpas têm que acabar, é o meu destino desportivo e pessoal que está em jogo!
Até hoje estes dois métodos chegaram para que voltasse a encontrar o foco e regressasse com mais determinação para poder atingir os meus objetivos! Mas tal como estes dois, podem existir tantos quanto as vossas motivações intrínsecas para correr... Eu gosto de objetivos pessoais, de me superar, de sentir os treinos a darem resultado, outros haverá que preferem o objetivo de perder peso ou de se superarem a nível de distâncias! O importante é saber aquilo que nos move, saber aquilo que nos faz estar tão "viciado" neste desporto... E quando estamos prestes a ceder? Pensamos no nosso objetivo e seguimos para o nosso treino! Por fim deixo-vos com um pensamento que gosto muito e que também costuma ajudar a ganhar motivação: "quem quer algo, arranja uma maneira, quem não quer, arranja uma desculpa"!
E tu? O que te motiva a treinar? Deixa um comentário com os teus "estratagemas mentais" para não ceder ao pensamento de não treinar por pura falta de vontade!
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